sábado, 4 de maio de 2024

A Hora do Espanto (2011)

O filme original era divertido, bem humorado, charmoso e conseguia unir tudo isso com boas cenas de terror e suspense. Os três atores principais eram excelentes, a começar pelo vampiro interpretado com muito carisma por Chris Sarandon e Peter Vincent, um achado de personagem, um velho ator decadente que apresentava um programa trash na TV. Infelizmente esse remake não tem nenhuma das qualidades que fizeram o filme de 1985 tão memorável. Para começar é um filme sem humor, que se leva a sério demais, além disso não tem charme, se limitando a ser apenas grotesco. Eu sempre disse que a figura do vampiro tem que ser bem explorada no cinema pois caso contrário corre o sério risco de ficar ridículo e se transformar num mero sujeito de dentadura postiça dando dentadas nos outros. Era justamente isso um dos maiores méritos do filme original pois ele de certa forma ria de si mesmo – se auto parodiava em grande estilo!

Nesse remake estragaram com praticamente tudo. O personagem de Peter Vincent está irreconhecível. Ele se transformou em um mágico de Las Vegas sem um pingo de humor. O sujeito fica lá bebendo, dizendo grosserias... tudo muito chato. Mas o pior realmente aconteceu com o vizinho vampiro. Impossível comparar Chris Sarandon com Colin Farrell pois ele está péssimo em seu personagem. Andando pra lá e pra cá sem camisa mais parece um personagem de comercial de cuecas. Charme? Zero. Carisma? Esqueça. Humor? Inexistente. Sinceramente uma pena que um filme que marcou toda uma geração como A Hora do Espanto tenha sido “vítima” de um remake tão ruim como esse! Um dos piores que já tive o desprazer de conferir. Quer um bom conselho? É melhor rever o antigo em uma sessão nostalgia do que perder tempo com esse remake desastroso!

A Hora do Espanto (Fright Night, Estados Unidos, 2011) Direção: Craig Gillespie / Roteiro: Marti Noxon baseado na estória de Tom Holland / Elenco: Anton Yelchin, Colin Farrell, David Tennant / Sinopse: Vampiro (Colin Farrell) se muda para a casa viznha aonde mora um adolescente (Anton Yalchin) que desconfia que seu novo vizinho é na verdade um ser da noite.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de maio de 2024

Interestelar

Não é pequeno o número de pessoas que não gostaram desse filme. Eu sei explicar bem a razão. Não temos aqui um roteiro de fácil digestão. Na realidade o argumento é um dos mais inteligentes que já vi nos últimos anos. Ele lida com universos paralelos, dimensões espaciais e física, muita física, ou melhor dizendo, astrofísica. As distâncias e o espaço / tempo são tão grandiosos em termos universais que até mesmo nossos conceitos mais básicos se tornam elásticos e sem muito sentido diante da realidade explorada pelo filme em si. Os roteiristas de "Interestelar" não o escreveram para um público mediano, que mal consegue lidar com conceitos mais simples da ciência. Na verdade eles partiram do pressuposto que o espectador já teria algum colchão de conhecimento para absorver tudo o que verá pela frente. Só assim haveria a mínima possibilidade de compreender como o astronauta Cooper (Matthew McConaughey) consegue entrar em um buraco de minhoca, vindo parar em uma realidade paralela, em outra dimensão dentro de nosso próprio mundo. Uma vez lá ele tenta se comunicar com o seu Eu desse outro espaço tempo e o ciclo volta a se renovar, mostrando nesse sentido a universalidade da própria eternidade.

Já deu para perceber que não é uma ficção para quem andou cabulando as aulas de física no ensino médio não é mesmo? Pois bem. Se o espectador conseguir pelo menos pegar parte dessas nuances já terá feito alguma coisa. Na verdade o filme tem além de um roteiro excepcional uma direção de arte brilhante (que recria como seria alguns exoplanetas no universo) e efeitos especiais bem feitos e que trabalham em sintonia com a história que está contando. Provavelmente o filme vai agradar muito mais aos que já se interessam por esse tipo de tema. Os espectadores eventuais que não estejam dispostos a pensar muito vão acabar sofrendo para pegar tudo o que vê na sua frente. Não é um filme para amadores. "Interestelar" exige concentração e foco, algo que infelizmente falta em abundância no público que frequenta cinemas hoje em dia.

Interestelar (Interstellar, Estados Unidos, 2014) Direção: Christopher Nolan / Roteiro: Jonathan Nolan, Christopher Nolan / Elenco: Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Michael Caine, John Lithgow, Ellen Burstyn, Jessica Chastain, Casey Affleck / Sinopse: Ex piloto do programa espacial é recrutado para uma nova missão da NASA. Ele deverá ir junto com sua tripulação em direção a um enorme "buraco de minhoca" cósmico em busca de respostas sobre três missões anteriores que não retornaram ao planeta Terra. O objetivo é procurar um novo lugar para colonização pela raça humana pois os recursos naturais da Terra estão virtualmente esgotados. O lema da missão passa a ser "A humanidade nasceu na Terra, mas não precisa morrer nela". Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais. Também indicado nas categorias de Melhor mixagem de Som, Melhor Edição de Som, Melhor Design de Produção e Melhor Música Original.

Pablo Aluísio.

sábado, 27 de abril de 2024

O Vampiro de Versalhes - Parte II

A Revolução Francesa
Só que a besta foi solta. E o que era a besta? Era a revolta do povo francês. Durante anos o povo foi esmagado por uma grande crise financeira. Enquanto o povo passava fome, a corte de Versalhes se banhava em festas cada vez mais extravagantes. A Rainha Maria Antonieta desfilava com seus vestidos maravilhosos e seus excêntricos penteados ao estilo Poof. 

Havia uma tensão no ar. O povo sustentava a classe nobre parasita enquanto mal conseguia colocar um prato de comida para seus filhos. Maria Antonieta e os nobres viviam de pura ostentação. O rei Luís XVI logo ganhou uma fama de fraco e impotente pois não conseguia consumar seu casamento para gerar um herdeiro. Havia um clima de panela de pressão prestes a explodir a qualquer momento.

Eu não parecia preocupado. Com 19 anos de idade, estava mais preocupado em levar para a cama as moças da pequena nobreza. Nem é preciso lembrar que a devassidão sexual imperava em Versalhes. Todas as mulheres eram de todos os homens. E alguns homens também eram homens de outros homens. Embora a monarquia passasse a imagem oficial de católica e conservadora, o fato é que a luxúria imperava. 

Mas havia também exageros em publicações anônimas que difamavam a sexualidade da Rainha e do Rei. Eram matérias mentirosas. Maria Antonieta era a mais casta de todas as mulheres da corte e isso posso afirmar com certeza absoluta. Ela pode ter se apaixonada por um militar estrangeiro cujo nome me recuso a escrever nessas linhas, mas dizer que ela era uma pervertida é uma grande mentira. Eram mentirosos todos esses folhetins que circulavam pelas ruas do reino...

Ainda assim, as mentiras prevaleceram. A Rainha Maria Antonieta ganhou fama de devassa, com gravuras pornográficas sendo vendidas em toda Paris. Eu particularmente detestava política, além disso estava em uma fase de vício em sexo, de todas as maneiras, de todas as formas. De uma forma ou outra senti que havia algo de errado no ar. Tudo parecia prestes a explodir em violência e insanidade.

Minha pecadora existência porém estava prestes a chegar ao final. Em pouco tempo a Revolução Francesa bateria à porta da minha tranquila e perfeita vida. O mundo estava prestes à virar de ponta-cabeça.

Quando me lembro daquele jovem Maximilian sinto pena dele, de verdade... Era um jovem inocente vivendo em tempos conturbados, mas que não sabia direito o que estava surgindo em seu horizonte...

Fazia quantos anos que eu havia visitado Versalhes pela última vez? Essa conta não se faz com anos, mas com décadas. Fazia seguramente mais de 70 anos que eu havia atravessado aquelas portas... e agora tudo parecia tão diferente.o havia mais toda aquela elegância das pessoas da nobreza andando por seus corredores. Não havia a pompa e o luxo de Versalhes. Não havia mais nada. As pessoas que agora andavam por aqueles corredores eram turistas com suas roupas de plebeus e má educação no trato social. Gente sem qualquer sofisticação social. Um horror!

Eu decidi voltar para Versalhes para um exercício de nostalgia e também para dar um último adeus. Estava pensando em ir embora da França para sempre, correr o mundo, visitar outros países, outras culturas... O que não me faltavam eram meios e tempo para isso... eu sou eterno! 

Eu deveria estar morto há séculos. Todas as pessoas que conheci em meus tempos de juventude estão mortas e há muito tempo. Eu até me arrisquei a visitar há pouco o túmulo de Maria Antonieta. Pobrezinha. Cortaram sua cabeça, jogaram seu corpo em uma vala comum, jogaram cal por cima de seu rosto lindo. Um fim de vida trágico.

Ao contrário do que disseram aqueles revolucionários imundos, ela foi uma boa pessoa. Quem a conheceu sabe disso. Era uma pequenina mulher de enorme coração. Não merecia em absoluto o destino cruel que teve. Fico até muito triste quando me lembro de tudo isso. Trágico é uma palavra limitada para descrever. 

Agora de volta a Versalhes revi todos os salões, todas as salas, que um dia vivenciaram uma linda história da monarquia francesa. O Palácio com seus inúmeros espelhos realmente representava um desafio a um ser cuja imagem não se refletia neles. Também choro e dou risadas pequenas, internas, quando me lembro de tudo o que vivi. Ficava parado sem passar na frente de um espelho se houvesse muitas pessoas próximas. Não queria que descobrissem meu maior segredo.

E ao adentrar o quarto que um dia pertenceu a Maria Antonieta, chorei. Não apenas pela dor da morte horrível da amiga, chorei pela morte de toda uma era. Chorei pelo fim das grandes festas. Chorei ao saber que nunca mais iria fazer parte de uma corte tão maravilhosa como aquela. 

Pensar que aquele mundo não mais existia, que aquelas pessoas não mais estavam vivas... 

Olhei para o chão, as lágrimas correram pelos meus olhos...

O mundo em que vivo é sem brilho e sem glamour. Os revolucionários franceses envenenaram a alma dos homens. Eu havia vivido toda essa história na pele. Estava na Rússia quando a revolução dos comunistas tomou o poder. Vi a mesma situação se repetir, de forma ainda mais sangrenta.. Testemunhei o sangue escorrendo da montanha mais uma vez... 

E chorei novamente por lembrar de tudo o que aconteceu...

Bastilha
Abrindo qualquer livro de história dos dias atuais vemos que para os historiadores modernos o estopim da revolução foi a tomada da Bastilha pelo povo francês. Essa é uma visão bem reducionista. Como estava em Versalhes posso trazer a percepção daqueles acontecimentos com mais nitidez. Na verdade a tomada dessa prisão foi apenas um evento entre tantos outros que aconteciam praticamente ao mesmo tempo. 

No meu caso e no caso de Maria Antonieta penso que só tomamos consciência de tudo quando uma multidão se formou diante dos portões principais do Palácio. Era um mar de gente. Na minha mente ficou bem claro a imagem daquelas mulheres com foices e facas nas mãos. A maioria delas trabalhava nos mercados de Paris e tinham marchado até Versalhes. Diziam estar famintas, em busca do pão de cada dia...

Inventou-se que Maria Antonieta teria dito que deveriam dar brioches para aquelas mulheres caso não houvesse mais pão. É uma mentira. Ela nunca disse isso. Era inclusive uma velha mentira pois essa frase já era atribuída há muitos anos a rainha de Luís XIV. Tudo mentira dos revolucionários. Eles faziam isso para que povo ficasse ainda mais enfurecido com os monarcas. E como eles eram jovens e de certo modo despreparados para lidar com aquilo tudo, aconteceu o pior. Foram parar na Guilhotina. 

Olhando para o passado fico pasmo ao constatar que consegui escapar de todo aquele tumulto no dia em que passaram por cima dos guardas e entraram no palácio. Aquelas mulheres dos portões ficaram frente a frente com a Rainha. Não sei como Maria não foi esfaqueada naquele dia tenebroso. 

Eu escapei, penso agora após inúmeras reflexões, por ter sido da chamada baixa nobreza. Eu não era um conde, um visconde e nem um barão. Eu era apenas um jovem que frequentava Versalhes. Provavelmente os nobres da alta nobreza me viam apenas como um rapaz simpático, mas no fundo um pobretão, que olhando para o passado, hoje, percebo ser algo mais próximo da realidade em que eu vivia, muito embora definitivamente não tivesse essa consciência na época. Era quase como se eu fosse o filho do mordomo de Versalhes, vamos colocar nesses termos. 

Pois bem, no dia em que levantaram as lanças com as cabeças de alguns nobres espetadas no alto delas, eu já estava definitivamente misturado no meio da plebe. Eu podia fazer isso, sem problemas. Ninguém nunca me parou pra perguntar quem eu era e se eu era um nobre. Acredito que não tinha essa aparência, nem as roupas que iriam me denunciar. 

E como eu sempre gostei de ler as obras dos iluministas, tinha a bagagem cultural para a conversação ideal com os revolucionários. Como um lobo em pele de cordeiro, me disfarcei e nesse processo também me salvei, me preservei. 

E foi do meio da multidão que compareci ao dia em que Maria Antonieta foi levada até a guilhotina. Estava muito envelhecida precocemente. Tinha passado por todas as infelicidades que uma mulher pode passar. Ela foi colocada numa carruagem simples e passou no meio da multidão. 

Digo, não houve insultos a rainha. Era de um silêncio absoluto quando passou no meio do povo. Ela estava altiva e em minha opinião não tinha perdido em nada sua majestade. Ao subir no lugar de execução pisou sem querer no pé do carrasco e pediu desculpas a ele. Sempre foi uma dama, em todos os sentidos. 

Mesmo em seus últimos momentos a rainha manteve seu jeito de ser. Era fina, elegante, educada e carismática. Sabe, quando penso que ela foi morta por aquelas mulheres vulgares da peixaria, que só sabiam dizer palavrões e ofensas, minha alma fica gelada. 

Existe muita injustiça no mundo e não é aquela que essas pessoas dizem lutar. Elas é que promovem todas essas injustiças. Na minha opinião mataram a rainha por ressentimento, ódio e maldade. Nada disso tem a ver com valores como honra, justiça e honestidade.

Ao longo da minha existência conheci muitos revolucionários, nunca encontrei essas qualidades em nenhum deles. Eram em sua grande maioria oportunistas, gente da chamada raia miúda, que vinham uma oportunidade de subir na vida, mesmo que â custa da morte de outras pessoas, mesmo à custa de muito sangue vermelho manchando as ruas de Paris. 

Quando a lâmina desceu e sua cabeça rolou para dentro do cesto eu não pude realmente acreditar no que via. Estava tudo acabado. O velho mundo havia desaparecido para sempre. E o novo mundo dos revolucionários franceses era simplesmente assustador...

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Planeta dos Macacos: A Guerra

Essa trilogia se encerra muito bem aqui nesse filme. Essa nova leva de filmes explorando o universo do planeta dos macacos foi realmente muito boa. O primeiro filme de 2011 já surpreendeu pela extrema qualidade de seu roteiro. O segundo não foi tão bom, mas manteve o interesse e a qualidade e finalmente tudo se encerra aqui, nessa terceira produção, que se não é tão boa quanto às anteriores pelo menos se mantém em um nível artístico que não vai decepcionar ninguém. Esse novo lote de filmes provou acima de tudo que era possível reciclar velhas ideias com toques de originalidade, melhorando o que por si só já era muito bom. Um remake não precisa ser apenas um caça níqueis. Pode ser também algo que venha a acrescentar, melhorar um bom filme do passado.

Quando o filme começa já encontramos uma tropa de soldados humanos adentrando a floresta em busca do grupo de Caeser. Como se viu nos filmes anteriores um vírus se espalhou pelo planeta, ceifando a vida de praticamente 90% da humanidade. Os humanos que sobreviveram seguem sua guerra contra os macacos. Caeser consegue repelir o ataque, mas o saldo é doloroso para ele. Sua esposa e seu filho são mortos durante os combates. Todos executados pessoalmente pelo cruel e sanguinário Coronel que lidera as tropas, em boa interpretação do ator Woody Harrelson. A partir daí inicia-se uma jornada de vingança por parte de Caesar. Ele quer vingar a morte de seus entes queridos e parte para o acerto de contas finais contra o militar.

O roteiro desse terceiro filme não é tão bom como o do primeiro. Ali havia mesmo um argumento primoroso que discutia o que realmente tornava alguém realmente humano. Aqui a trama é mais básica, baseada na velha fórmula da vingança pessoal (tema aliás que sempre foi explorado em demasia pelo cinema, principalmente em filmes de ação e western). Isso porém não significa que seja ruim, longe disso. Dentro dessa premissa a história até que funciona muito bem. É um bom clímax para tudo o que o público vinha acompanhando desde os primeiros filmes. Os efeitos especiais continuam perfeitos e bem inseridos dentro do enredo. Não ofusca a história, pelo contrário, ajuda a contá-la. No mais, não resta outra coisa a não ser aplaudir esses novos filmes. Eles trouxeram de volta, com extremo êxito, esse estranho mundo, onde os macacos vão se tornando cada vez mais sábios, enquanto a humanidade vai se afundando em sua própria ganância e estupidez.

Planeta dos Macacos: A Guerra (War for the Planet of the Apes, Estados Unidos, 2017) Direção: Matt Reeves / Roteiro:  Mark Bomback, Matt Reeves / Elenco: Andy Serkis, Woody Harrelson, Steve Zahn, Karin Konoval, Amiah Miller / Sinopse: O líder dos macacos, Caesar (Serkis), almeja criar a paz com os homens, mas isso vai se tornando impossível por causa de um Coronel insano e violento que tem planos de escravizar todos os macacos pois ele quer erguer uma grande muralha de defesa em seu acampamento militar nas colinas.

Pablo Aluísio.

domingo, 21 de abril de 2024

Pânico

Título no Brasil: Pânico
Título Original: Scream
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Dimension Films
Direção: Wes Craven
Roteiro: Kevin Williamson
Elenco: Neve Campbell, Courteney Cox, David Arquette, Drew Barrymore
 
Sinopse:
Um serial killer mascarado começa a assassinar adolescentes em uma cidade pequena, e como o número de corpos aumenta a cada dia, uma jovem garota e seus amigos começam a se utilizar dos clichês dos filmes de terror para descobrir a identidade do verdadeiro criminoso. Filme vencedor do Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films nas categorias de Melhor Filme de Terror, Melhor Roteiro Original e Melhor Atriz (Neve Campbell). Também vencedor do MTV Movie Awards na categoria de Melhor Filme.

Comentários:
Eu já estava muito calejado com filmes de terror quando essa fita virou febre entre os adolescentes. A única novidade era a premissa que partia de uma tentativa de brincar com os clichês do gênero ao mesmo tempo em que os utilizava para criar medo no público. Algo assim só funcionaria mesmo com neófitos no gênero terror - algo que eu já não era há muito tempo, pois já tinha passado da idade para isso. Por essa razão apesar do enorme sucesso de bilheteria e do impacto que causou dentro da cultura pop na época (fatos inegáveis), jamais consegui gostar do filme, de sua proposta e de seu resultado. Kevin Williamson, o roteirista que depois iria desenvolver uma bela carreira na TV criando séries de sucesso como "Diário de um Vampiro", "The Following" e "Stalker", soube muito bem usar as mais batidas fórmulas do terror dos anos 80 para reciclar tudo, transformando em um novo sucesso de bilheteria. Ele aliás é o grande responsável pelo sucesso do filme uma vez que o diretor Wes Craven já estava envelhecido e no controle remoto em sua carreira. Seu trabalho rendeu apenas um filme burocrático que foi salvo do lugar comum por causa do texto de Williamson. Assim temos aqui um exercício de metalinguagem que usou do que havia de mais batido dentro do cinema para conquistar uma nova geração de fãs. Pelos resultados comerciais envolvidos acertaram realmente em cheio. Do ponto de vista puramente cinematográfico não consigo porém visualizar nada de muito marcante.

Pablo Aluísio.

sábado, 20 de abril de 2024

Olhos Famintos

Título no Brasil: Olhos Famintos
Título Original: Jeepers Creepers
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists, American Zoetrope
Direção: Victor Salva
Roteiro: Victor Salva
Elenco: Gina Philips, Justin Long, Jonathan Breck
  
Sinopse:
Retornando para casa durante as férias de primavera, os irmãos Darry e Patricia Jenner testemunham a aparição de uma criatura bem sinistra que parece ir até um túnel sombrio. O fato os deixam curiosos e eles decidem ir até aquele local para investigar do que se trata. É um esconderijo perturbador, com seres estranhos e bizarros. Agora eles também entendem que são as próximas vítimas, pois o estranho ser começa a ir atrás deles por terem sido tão bisbilhoteiros. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films na categoria de Melhor Terror.

Comentários:
A fórmula pode até ser considerada batida e saturada, mas depois que você termina de assistir a "Jeepers Creepers" acaba descobrindo que ela ainda pode funcionar. Filmes de monstros nasceram com o próprio surgimento do cinema e nunca mais deixaram de fazer sucesso. Aqui temos um filme típico desse sub-gênero. Não há nada de espetacular no roteiro desse terror, a não ser o fato de que os escritores conseguiram revitalizar velhas situações, dando a impressão (nada mais do que mera impressão, é bom frisar) de que se tratava de algo novo. Brincando com o subconsciente do americano médio, que muitas vezes veio do meio-oeste, onde existem extensas fazendas e plantações, os diretores de arte criaram uma criatura monstruosa que remete aos velhos espantalhos dessas regiões. O efeito é obviamente eficiente, embora como gosto de salientar, nada muito original. Mesmo assim é um filme bacaninha para assistir numa noite entediada, sem nada mais interessante para fazer. A direção foi entregue a Victor Salva, que já havia chamado a atenção dos fãs de filmes Sci-fi antes com o estranho, mas interessante, "Energia Pura" de 1995. Depois do sucesso de "Olhos Famintos" ele ainda rodaria sua sequência, "Olhos Famintos 2" em 2003. E quem acha que a franquia não vai mais em frente é bom saber que o estúdio já anunciou agora para 2015 sua nova continuação, com o título de "Jeepers Creepers 3: Cathedral". Pelo visto essa estranha criatura ainda terá vida longa no cinema.

Pablo Aluísio

quarta-feira, 17 de abril de 2024

Planeta dos Macacos: O Confronto

Já havia gostado bastante do primeiro filme, "Planeta dos Macacos: A Origem" de 2011 e agora pude constatar que a continuação, se não é tão boa quanto o filme anterior, pelo menos manteve um bom nível. É bom lembrar que essa é na verdade a terceira franquia desse universo. A primeira começou justamente no filme clássico "O Planeta dos Macacos" de 1968, estrelado por Charlton Heston e com direção de Franklin J. Schaffner. Depois vieram várias continuações e até uma série de TV. A segunda se limitou àquele interessante filme dirigido por Tim Burton de 2001 e agora temos essa nova leva de produções. A tônica aqui é mais realista. O grande destaque vai para Caesar (Andy Serkis), um macaco fruto de experiências pioneiras no primeiro filme. Ele desenvolve uma inteligência quase humana e depois se torna líder de seu bando. Nessa segunda produção Caesar e seus seguidores vão para uma reserva florestal nos arredores de San Francisco. 

Um vírus mortal criado em laboratório, que inclusive era usado em experiências com macacos, se disseminou entre a população humana. Noventa por cento da humanidade morreu por causa de sua proliferação. O que sobrou dos seres humanos no planeta agora se organiza em pequenas comunidades de sobrevivência. Dreyfus (Gary Oldman) lidera uma delas. O maior desafio é manter a geração de energia, mas para isso eles precisam recuperar uma usina hidrelétrica que se localiza justamente no território do grupo de Caesar, algo que pode desencadear uma verdadeira guerra entre macacos e homens. Ao custo de 170 milhões de dólares essa sequência se notabiliza pelo bom roteiro (que não chega a ser tão criativo como a do primeiro filme) e dos excelentes efeitos de computação gráfica.

Todos os animais do filme são meras criações digitais. Nesse caso os efeitos não são gratuitos, muito pelo contrário, eles ajudam a contar uma história muito bem desenvolvida. Para os críticos esse filme não passaria de um remake menos talentoso de "A Batalha do Planeta dos Macacos" (1973), assim como "Planeta dos Macacos: A Origem" nada mais seria do que uma refilmagem de "A Conquista do Planeta dos Macacos" (1972), ambos da franquia original. Eu vejo esse tipo de comparação com reservas. Na verdade há elementos novos, bem originais para se falar a verdade, tudo impulsionado por descobertas e teses científicas que inexistiam quando os primeiros filmes foram realizados na década de 70. Além disso há uma bem explorada rivalidade entre o líder Caesar e aquele que deveria ser seu braço direito, Koba (Toby Kebbell). Esse teria desenvolvido uma personalidade psicopata por causa das terríveis torturas a que teria sido submetido quando não passava de uma cobaia em cativeiro, o que obviamente criou em sua mente um grande trauma em relação aos seres humanos. Já Caesar teria tido uma outra vivência, principalmente com o pesquisador interpretado por James Franco, que teria lhe ensinado que os seres humanos também poderiam ser bondosos e amigos. Essa diferença de visões acabaria levando Koba e Caeser para um confronto mortal. Então em resumo é isso. Temos aqui um bom filme que me agradou bastante. A boa notícia é que fica bem claro no desfecho que haverá uma sequência em breve, a terceira dessa nova série. Se manter o bom nível dos dois primeiros filmes teremos certamente, no mínimo, uma boa diversão pela frente.

Planeta dos Macacos: O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes, Estados Unidos, 2014) Direção: Matt Reeves / Roteiro: Mark Bomback, Rick Jaffa / Elenco: Gary Oldman, Keri Russell, Andy Serkis, Toby Kebbell, Jason Clarke / Sinopse: Após noventa por cento da humanidade morrer por causa de um vírus produzido em laborátorio, humanos e macacos entram em conflito por causa de uma usina hidrelétrica localizada nos arredores de San Francisco. Filme indicado ao Oscar e ao BAFTA Awards na categoria de Melhores Efeitos Visuais (Joe Letteri, Dan Lemmon, Daniel Barrett e Erik Winquist).

Pablo Aluísio. 

sábado, 13 de abril de 2024

Deixe-me Entrar

"Deixe-me Entrar" é o remake americano do excelente filme sueco "Deixa Ela Entrar" que causou frisson mundo afora em 2008. Muita gente torceu o nariz para essa produção pois o original já era tão bom e definitivo. Como todo mundo sabe odeio remakes, principalmente de filmes que gosto muito (e eu particularmente adoro o filme de Tomas Alfredson) mas aqui certamente abrirei uma exceção. Desnecessária uma refilmagem menos de dois anos depois do primeiro filme ter sido lançado? Certamente. Apesar de tudo isso vou dar o meu braço a torcer. Não acredito que a existência de "Deixe-me Entrar" tenha sido totalmente inútil. Eu acabei gostando dessa releitura. As pessoas podem até defender a tese de que sua própria existência não tem razão de ser e no fundo há uma certa verdade em pensar assim, porém já que o filme foi feito pelos americanos devo dizer que é muito bom saber que eles realmente fizeram um remake bem acima da média. É importante deixar claro que o filme não é a refilmagem take por take do original. Algumas coisas foram acrescentadas e no balanço final nada está em excesso ou em falta na versão americana. É um filme bem fechado em si mesmo.

Talvez o segredo da bem sucedida refilmagem esteja no elenco. Não tanto do garotinho (interpretado por Kodi Smit-McPhee) pois considero o do original melhor mas sim da jovem atriz Chloe Moretz. Sua interpretação é literalmente "sinistra" alternando momentos de ternura com fúria selvagem. Os efeitos especiais também estão no tom certo. Eu tinha receio de que na versão americana eles fizessem uma orgia de efeitos gratuitos, mas não, isso não acontece. Eles certamente estão em maior número do que no filme original mas são discretos e bem colocados. Acredito que quem assistiu ao original vai gostar também desse remake, pois não adianta mais chorar sobre o leite derramado. Curiosamente o filme acabou sendo uma decepção nas bilheterias. O público norte-americano mesmo estando em um momento particularmente muito interessado em vampiros (vide o sucesso da saga Crepúsculo) acabou rejeitando a produção. O que aconteceu afinal? Provavelmente a estória de "Deixe-me Entrar" seja europeia demais para os gringos ou então sofisticada além do limite para o americano médio que consome pipoca nas salas de shopping center. De qualquer maneira isso é o de menos, "Deixe-me Entrar" e o original "Deixa Ela Entrar" são mais do que recomendados aos fãs de terror. Se um é pouco, dois já está bom demais.

Deixe-me Entrar (Let Me In, Estados Unidos, 2010) Direção: Matt Reeves / Roteiro: Matt Reeves, John Ajvide Lindqvist / Elenco: Chloë Grace Moretz, Kodi Smit-McPhee, Richard Jenkins / Sinopse: Owen (Kodi Smit-McPhee) é um garoto solitário que sofre bullying na escola onde estuda. Tudo começa a mudar quando ele se torna amigo de Abby (Chloë Grace Moretz) uma menina da sua idade que se torna sua vizinha.

Pablo Aluísio.