terça-feira, 29 de agosto de 2023

Drácula de Bram Stoker

Drácula de Bram Stoker (1847 - 1912) é um clássico absoluto da literatura de terror. Publicado originalmente em 1897 o livro é considerado o marco zero na mitologia moderna sobre vampiros. Obviamente que a lenda sobre vampirismo atravessou séculos mas foi Stoker, com raro brilhantismo, que conseguiu unir seus principais elementos em um texto único, extremamente bem trabalhado e rico em detalhes e nuances que anos depois seria usado exaustivamente pela sétima arte. O que fez o genial Stoker foi reunir em um só romance as lendas, os mitos e até as histórias reais (como a da Condessa Isabel Bathory) para criar um personagem singular, um Conde que esconde uma maldição secular em seu castelo sombrio. 

Foi justamente com a intenção de ser o mais fiel possível a essa obra que Francis Ford Coppola realizou sua versão de Drácula em 1992. Considerado por muitos como a obra definitiva sobre o personagem o filme ainda hoje impressiona por sua brilhante direção de arte, seu clima soturno e o excelente trabalho do roteiro em mostrar um lado até então pouco explorado em todos os filmes sobre Drácula: o aspecto mais romântico da personalidade do Conde. De fato seu maior fardo é a sua dor pela perda de sua amada, dor essa que atravessa os séculos, tornando-se o verdadeiro martírio do monstro. Ao explorar esse aspecto o filme traz uma carga humana muito intensa ao personagem, tornando tudo muito mais real e visceral.

Passados 30 anos de seu lançamento ouso dizer que Drácula foi a última grande obra prima do mestre Coppola. É uma constatação penosa, haja visto que sem dúvida ele foi um dos cineastas mais brilhantes de Hollywood. Seu grande trabalho aqui se revela na escolha do elenco ideal (Gary Oldman personifica as várias faces do vampiro de forma maravilhosa), no uso correto e pontual de ótimos efeitos especiais (todos recriando uma oportuna atmosfera Vitoriana) e na fidelidade ao texto original. O resultado de tanto talento se vê nas telas de forma grandiosa. Ao custo de 40 milhões de dólares o filme demonstra ter todas as peças perfeitamente encaixadas, resultando em um trabalho magnífico, uma obra de arte realmente. O velho Stoker certamente ficaria orgulhoso.

Drácula de Bram Stoker (Dracula, Estados Unidos, 1992) Direção: Francis Ford Coppola / Roteiro:  James V. Hart baseado na obra de Bram Stoker / Elenco: Gary Oldman, Winona Ryder, Anthony Hopkins, Keanu Reeves, Richard E. Grant, Billy Campbell, Sadie Frost, Tom Waits, Monica Bellucci / Sinopse: Jonathan Harker (Keanu Reeves) vai a um distante e isolado castelo com a missão de vender uma propriedade a um estranho e recluso Conde chamado Drácula (Gary Oldman). Ao ver o retrato de sua amada o monstro fica admirado com a semelhança com sua antiga paixão, uma jovem falecida há muitos séculos. Não tardará para que o Conde vá ao seu encontro.

Pablo Aluísio.

sábado, 26 de agosto de 2023

Brinquedo Assassino

Depois do sucesso de “A Hora do Espanto” o diretor e roteirista Tom Holland rodou uma comédia muito fraca estrelada por Whoopi Goldberg. Mal recebida por público e crítica, Holland caiu na real e viu que não tinha jeito para o gênero. A solução para voltar ao sucesso era retornar ao terror, onde ele tinha alcançado seu maior sucesso de bilheteria. Foi assim que na segunda metade da década de 80 ele começou a participar de um projeto que era bem curioso: um filme de terror estrelado por um... boneco! Isso mesmo. Até que não era uma novidade completa o tema de bonecos diabólicos mas aqui Holland e o roteirista e amigo Don Mancini escreveram a estória de um boneco de brinquedo que serviria de “corpo provisório” para a alma de um perigoso assassino e psicopata. 

Enquanto ele não conseguia se transferir para o corpo de um ser humano tinha que se virar para sobreviver e não ser descoberto. O tal boneco acabou sendo nomeado por eles como “Chucky”! Mal sabiam Holland e Mancini que estavam criando um dos personagens mais famosos e carismáticos da história dos filmes de terror! Chucky tinha a aparência de um brinquedo fofo, feito para as crianças. Seu design era especialmente cativante. Fazer daquele personagem um monstro se tornou um desafio e tanto para os animadores, técnicos e toda a equipe especializada em efeitos especiais do filme mas eles, após muitos testes, conseguiram. Usando de Animatronics (os efeitos digitais ainda eram algo muito experimental), os realizadores de “Brinquedo Assassino” conseguiram transformar um enredo que mais parecida vindo de filmes trashs numa produção convincente e de certo modo até mesmo muito original.

Em uma produção como essa o elenco era de certa forma até mesmo secundário mas Holland resolveu trazer novamente Chris Sarandon com quem havia trabalhado em “A Hora do Espanto”. Esse foi o único capricho que se deu ao luxo de cometer pois todo o restante do orçamento de meros nove milhões de dólares foram direcionados para os efeitos especiais. Quando lançado Chucky fez sucesso imediato – a ponto de virar uma linha de brinquedos reais, muito popular durante o Halloween. Infelizmente Tom Holland cometeu uma falha em seu contrato e acabou perdendo os direitos desse personagem para o estúdio que não se fez de rogado lançando várias continuações ao longo dos anos, uma cada vez mais absurda do que a outra! Assim ao longo dos anos “Brinquedo Assassino” acabou virando uma franquia de humor pastelão, galhofeiro, desvirtuando completamente a idéia original de seus criadores que queriam criar um filme de terror em essência. De qualquer modo fica esse primeiro filme – que deveria ser o único – como exemplo de que no universo dos filmes de terror uma boa idéia sempre pode gerar excelentes frutos.

Brinquedo Assassino (Child's Play, Estados Unidos, 1988) Direção: Tom Holland / Roteiro: Don Mancini e Tom Holland / Elenco: Catherine Hicks, Chris Sarandon, Alex Vincent / Sinopse: Após participar de um culto de magia negra a alma de um assassino psicopata vai parar no corpo de plástico de um boneco, um brinquedo típico da década de 80 chamado candidamente e carinhosamente de Chucky! Agora o espírito terá que lutar para possuir um corpo real de um ser humano antes que seu tempo na terra se esgote.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Tubarão

Quando Steven Spielberg dirigiu Tubarão em 1975 ele era apenas um jovem diretor com muitas idéias na cabeça e pouca confiança do estúdio em lhe dar um orçamento generoso. Para falar a verdade os executivos da Universal não levavam muita fé na produção. Seu roteiro lembrava em muito as produções de monstros da década de 50 e ninguém poderia realmente prever o sucesso que o filme alcançaria. O interessante é que o Tubarão era uma engenhoca grande e sem jeito que sempre pifava nas filmagens. Sem poder contar com aquele ferro velho Spielberg resolveu ser criativo e usou e abusou da chamada câmara subjetiva. Já que o público não veria o monstro então que tivessem a sensação de estar vendo o que a criatura via. Com isso o filme ganhou muito em suspense e tensão. Além disso a música tema escrita pelo sempre talentoso John Williams virou ícone, sendo sempre muito lembrada até nos dias de hoje. O elenco era liderado por dois atores considerados de segundo escalão, Roy Scheider e Richard Dreyfuss. Houve uma certa tensão entre elenco e diretor por causa das péssimas condições de trabalho durante as filmagens. Um dos barcos em que estavam afundou e vários membros correram risco.

Além disso a idéia de filmar em alto mar se revelou péssima pois a tonalidade do mar sempre mudava comprometendo a continuidade do filme, além de expor tudo aos humores do clima, ora chovendo, ora fazendo sol forte. Apenas a diplomacia e a camaradagem de Spielberg conseguiram evitar uma rebelião entre os envolvidos. Mesmo sendo caótica a produção do filme, o longa "Tubarão" logo caiu nas graças do público, virando rapidamente um fenômeno de bilheteria. A empolgação levou a crítica junto e "Jaws" conseguiu um feito e tanto conquistado três prêmios Oscar nas categorias Edição, Trilha Sonora e Som (todos merecidos). E por uma surpresa geral também foi indicado ao Oscar de melhor filme, feito raro para um filme com essa temática. Visto hoje em dia "Tubarão" se revela bem datado. A consciência ecológica desmontou seu argumento pois todos sabem atualmente que as verdadeiras vítimas são os tubarões e não os seres humanos, esses os verdadeiros predadores. O filme de Spielberg também ostenta uma curiosidade interessante pois foi o primeiro filme a ganhar o título de Blockbuster dado pela imprensa americana. No final das contas vale pelo menos uma revisão. E por favor esqueça suas continuações, todas ruins e mercenárias. O original é o único que merece ainda ser redescoberto.

Tubarão (Jaws, Estados Unidos, 1975) Direção: Steven Spielberg / Roteiro: Peter Benchley, Carl Gottlieb baseados na novela de Peter Benchley / Elenco: Roy Scheider, Robert Shaw, Richard Dreyfuss, Lorraine Gary, Murray Hamilton. / Sinopse: Tubarão assassino faz várias vítimas em uma pequena cidade litorânea da costa dos Estados Unidos. 

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de agosto de 2023

Robocop

"Meio Homem. Meio Máquina. Um Tira Total". Esse era o lema do filme Robocop que causou impacto no cinema quando foi lançado em 1987. A produção já previa o dia em que todos os serviços públicos seriam privatizados, inclusive a segurança e a justiça. De fato muitas coisas mostradas no filme terminaram acontecendo! Quer mais exemplos? Olhe ao seu lado, estamos vivendo em uma época em que temos que pagar para ter segurança, tal como previsto no roteiro do filme e muitas empresas públicas passaram para as mãos da iniciativa privada, inclusive no Brasil. Claro que não chegamos aos extremos apresentados no filme mas com o andar da carruagem não duvido de nada em um futuro próximo. O fato é que o chamado Estado Nacional está falido até mesmo nas grandes potências. Nesse vácuo quem toma o controle são as grandes corporações como as mostradas no filme. Nesse mundo corporativo os interesses dos grandes grupos e empresas se tornam mais importantes que o interesse público, da população em geral. Alguma diferença com o que vivemos hoje em dia? Acredito que não.

Robocop é muito bom. Seu argumento inteligente se mantém mais atual do que nunca. O diretor Paul Verhoeven estava no auge da criatividade e desenvolveu um argumento muito bem bolado, um policial perfeito, misto de máquina e homem que simplesmente não poderia cometer erros já que estava programado para agir de acordo com as leis e regulamentos da corporação. O problema central do roteiro surge quando o lado humano começa a tentar se sobrepor ao lado máquina. Essa luta interna do policial x robô é o grande achado do filme. Uma pena que um filme tão bom quanto esse tenha dado origem a uma série de continuações fracas, bobas e que desperdiçaram todo o potencial envolvido no enredo. Está para ser lançado em breve mais um remake. As primeiras imagens inclusive já vazaram na Internet. Será que terá êxito? A questão é que Robocop era futurista na década de 80 mas agora soa como realidade. O futuro chegou!

Robocop - O Policial do Futuro (Robocop, Estados Unidos, 1987) Direção: Paul Verhoeven / Roteiro: Edward Neumeier, Michael Miner / Elenco: Peter Weller, Nancy Allen, Ronny Cox, Kurtwood Smith, Miguel Ferrer / Sinopse: Policial é ferido em serviço e declarado morto. Em segredo porém uma grande corporação acaba criando um andróide policial, meio homem, meio máquina com o objetivo de combater a criminalidade das ruas.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

A Hora do Pesadelo

É a obra prima do diretor Wes Craven. Esqueça o horrendo (no mal sentido) remake que foi lançado há pouco, prefira mesmo o original, essa pequena obra de arte do horror dos anos 80. O roteiro não foge muito à formula dos filmes de terror daqueles anos, isso é inegável, mas a produção se destaca por trazer aquele que provavelmente seja o personagem mais famoso da galeria de assassinos do cinema americano: o famigerado  Freddy Krueger. Fruto de um estupro coletivo onde participaram alguns dos maiores criminosos que se tem notícia, o velho Freddy teve seu destino traçado ao ser queimado vivo por seus crimes bárbaros. Agora povoa os pesadelos de jovens inocentes que se atrevem a cruzar seu caminho diabólico. O personagem encontrou seu ator perfeito na pele do também bastante carismático  Robert Englund. Com rosto de poucos amigos ele se tornou um ícone tão forte dentro do universo do horror que se tornou facilmente reconhecível, mesmo sem a forte maquiagem de Freddy. Muitos atores sentem bastante receio de ficarem marcados para sempre por um único personagem mas Englund jamais viu problemas nisso. Em diversas convenções de que participou sempre deixou muito claro seu prazer de ter encarnado Krueger em tantos filmes que fez ao longo da carreira.

Outro destaque do elenco nesse primeiro filme da longa franquia “A Hora do Pesadelo” é o ator Johnny Depp, na época ainda um jovem aspirante ao sucesso que topava qualquer coisa, até mesmo morrer logo nas primeiras cenas em um filme menor como esse (“A Hora do Pesadelo” foi realizado com orçamento restrito, até porque ninguém sabia se faria sucesso ou não). Wes Craven mostra aqui seu toque de Midas ao colocar todas as mortes de um jeito inventivo e diferente – algo que anos depois seria usado por outras franquias de sucesso como por exemplo “Jogos Mortais”. Com muito sangue de groselha, jovens bonitos prontos para morrer e um personagem pra lá de marcante, “A Hora do Pesadelo” só poderia ter se tornado o sucesso que foi. O psicopata dos pesadelos Freddy virou produto licenciado para bonequinhos, revistas, sabonetes e tudo mais que tinha direito. Ainda hoje é um dos mais lembrados em épocas festivas como Halloween. Enfim, “A Nightmare on Elm Street” é item obrigatório a todo fã de terror que se preze. Assista e depois sonhe com Krueger e... sobreviva se puder.

A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street, Estados Unidos, 1984) Direção: Wes Craven / Roteiro: Wes Craven / Elenco: Heather Langenkamp, Johnny Depp, Robert Englund / Sinopse: Um grupo de jovens começam a ter terríveis pesadelos com um assassino que foi morto pelos moradores da cidade no passado após ele cometer terríveis crimes contra crianças. Freddy Krueger, o terrível maníaco agora resolve se vingar de seus algozes ao infernizar a noite dos descendentes daqueles que o mataram em Elm Street.

Pablo Aluísio.

domingo, 13 de agosto de 2023

O Homem Invisível

A Universal Pictures investiu bastante, em seus primórdios, em filmes de terror. Foi criada toda uma galeria de filmes que posteriormente iriam ser chamados de "Os Monstros da Universal". Estão nessa lista o clássico filme de Drácula com Bela Lugosi e o primeiro filme sobre o Lobisomem. E foi justamente dentro dessa fase que surgiu essa adaptação para o cinema de "O Homem Invisível". Era uma ideia nova, que poderia ou não dar certo no cinema. O que iria acontecer é que não apenas o filme iria fazer muito sucesso como também iria abrir o caminho para outras adaptações do mesmo calibre. Afinal os produtores agora viam que havia público que tinha interesse em assistir a filmes assim. E havia mesmo muito público. As bilheterias e o lucro eram quase certos.

É impressionante saber que esse filme foi produzido em 1933, ou seja, está prestes a celebrar 100 anos de seu lançamento original! Tudo é tão criativo nesse filme, tão inventivo, que ficamos mesmo admirados em saber que tudo foi feito na distante década de 1930. Outro aspecto digno de nota é que embora fosse classificado na época como um filme de terror, essa produção não fica confinada apenas nesse gênero. É filme Sci-fi por excelência, dos bons e um clássico absoluto desse estilo. Enfim, o melhor de dois mundos.

O Homem Invisível (The Invisible Man, Estados Unidos, 1933) Direção: James Whale / Roteiro: R.C. Sherriff / Elenco: Claude Rains, Gloria Stuart, William Harrigan / Sinopse: Baseado na obra de H.G. Wells, o filme "O Homem Invisível" conta a história de um cientista que encontra uma maneira de se tornar invisível, mas ao fazer isso, ele se torna mortalmente louco.

Pablo Aluísio.

sábado, 12 de agosto de 2023

Sexta-Feira 13

Ontem foi Sexta-Feira 13, então me lembrei desse primeiro filme de terror de uma longa franquia, com filmes que iam do interessante ao ruim, das boas ideias ao patético. Esse primeiro filme faz parte de uma onda que varreu o cinema americano a partir dos anos 70. Antes disso os filmes no máximo investiam em cenas com mais suspense, onde a violência nunca era explícita, mas apenas sugerida. Depois os filmes de terror foram ficando mais ousados, mostrando cenas de sangue e tripas, como foi dito na época. E segundo essa tendência de violência mais explícita surgiram filmes como esse "Sexta-Feira 13".

O curioso é que nesse primeiro filme o personagem do Jason iria ser bem coadjuvante na história. Ele, no máximo, surgia como uma sombra, uma lenda que aterrorizava jovens ao lado do fogueiras no meio da noite. Estava longe de aparecer como o assassino de facão na mão e máscara de hockey na cabeça. É um filme bem mais soft do que os que viriam depois. É um bom filme? Diria que para a época estava muito bem localizado. Hoje em dia provavelmente os fãs de terror vão achar tudo um tanto datado. Afinal de contas o tempo não perdoa, nem a saga do Jason sobrevive ao passar dos anos. 

Sexta-Feira 13 (Friday the 13th, Estados Unidos, 1980) Direção: Sean S. Cunningham / Roteiro: Victor Miller, Ron Kurz / Elenco: Betsy Palmer, Adrienne King, Kevin Bacon, Jeannine Taylor / Sinopse: Um campo de verão vira palco de mortes e desespero anos depois que havia sido fechado justamente por causa de uma tragédia ocorrida em seu interior.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Halloween H20

Título no Brasil: Halloween H20
Título Original: Halloween H20
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Dimension Films
Direção: Steve Miner
Roteiro: Debra Hill, John Carpenter
Elenco: Jamie Lee Curtis, Josh Hartnett, Adam Arki

Sinopse:
Vinte anos depois que Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) escapou das garras de um violento psicopata ela ainda tenta reconstruir sua vida. Após mudar de nome e de cidade as coisas parecem que finalmente estão caminhando bem. Ela trabalha numa escola de uma pequena cidade e tem um filho, um jovem rapaz chamado John (Josh Hartnett). O próximo Halloween está chegando e Laurie mal sabe o que lhe aguarda quando essa terrível noite finalmente chegar.

Comentários:
Nada contra "Halloween", uma das mais importantes e influentes franquias do cinema de terror dos Estados Unidos de todos os tempos. Tampouco falaria mal do grande John Carpenter. Até a "rainha do grito" Jamie Lee Curtis merece todos os nossos respeitos. A questão é que tudo tem seu tempo. O problema surge quando um filme é realizado de forma oportunista, sem originalidade nenhuma e o pior, sem qualquer traço de novidade. "Halloween H20" supostamente foi produzido para se celebrar os vinte anos do lançamento do filme original, tanto que por aqui essa fita recebeu o subtítulo de "20 Anos Depois". Bom, como sabemos de boas intenções o inferno está cheio, por isso não vá se entusiasmar muito com o resultado pois o filme é bem ruim mesmo. Convenhamos, comparar isso com o clássico "Halloween - A Noite do Terror" que James Carpenter realizou em 1978 é um pouco demais. Aquele sim era um terror marcante, que fez história e foi tão copiado ao longo dos anos que hoje em dia pode até soar um pouco saturado (injustamente aliás). "Halloween H20" é apenas uma cópia muito mal feita que tenta pegar carona na força do nome comercial "Halloween" e nada mais. Uma farsa em última análise. Michael Myers merecia uma homenagem melhor. Esqueça essa coisa e vá rever o primeiro filme, sua cultura cinéfila agradece.

Pablo Aluísio.

sábado, 5 de agosto de 2023

A Fera Deve Morrer

A Fera Deve Morrer
A principal razão que me fez assistir a esse filme foi a presença do ator Peter Cushing. Assim como acontecia com outros atores clássicos do terror como Vincent Price, a sua simples presença no elenco já justificava o meu interesse. Só que o filme ainda tem outros aspectos interessantes. Muitos anos antes do surgimento da cultura woke, temos aqui um protagonista negro, empoderado, milionário, que resolve reunir um grupo de pessoas em sua mansão. Caçador há muitos anos, ele acredita que uma daquelas pessoas é um lobisomem e quer ter a chance de caçar um monstro desses. E realmente estava certo, um dos misteriosos convidados é mesmo um lobisomem. A temporada de caça está aberta! 

O filme é claramente uma tentativa de modernizar esse monstro clássico para os anos 70. Então a trilha sonora tem muita black music, com nuances discoteca, além do fato de mostrar cenas de ação mais bem elaboradas, com uso de helicópteros, o que se tratando de uma produção da Amicus, era um luxo daqueles. Só que todos esses aspectos que tentaram modernizar o lobisomem nos anos 70, também deixaram o filme mortalmente datado ao ser revisto nos dias atuais. O próprio lobisomem é nada convincente. Ora é um lobo normal, ora uma homem fantasiado toscamente. De bom mesmo temos um herói improvável no enredo, um simpático vira-lata caramelo que enfrenta bravamente o tal lobisomem. Isso já vale o filme inteiro! 

A Fera Deve Morrer (The Beast Must Die, Inglaterra, 1974) Direção: Paul Annett / Roteiro: Paul Annett / Elenco: Calvin Lockhart, Peter Cushing, Marlene Clark / Sinopse: Caçador milionário decide reunir oito misteriosas pessoas em sua mansão de campo. Ele está convencido que uma delas é um lobisomem de verdade e quer ter a oportunidade de caçar um monstro desses.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

A Hora do Espanto

Charley Brewster (William Ragsdale) é um típico jovem americano que começa a desconfiar dos estranhos hábitos de seu novo vizinho, o misterioso e charmoso  Jerry Dandrige (Chris Sarandon). Após investigar por conta própria ele acaba descobrindo que Jerry é na verdade um vampiro, igual aos que vê todas as noites nos filmes da TV. Sem saber o que fazer pede ajuda a  Peter Vincent (Roddy McDowall), um ator decadente que apresenta um programa que exibe velhas produções de terror. Claro que essa ideia não dará muito certo! Esse filme segue sendo um dos melhores feitos na década de 80. Quem foi jovem na época lembra do grande sucesso que fez, a tal ponto que deu origem a uma série de filmes genéricos, que inclusive imitavam seu título original. A premissa também tinha tudo a ver com os anos 80. Naquela época havia uma série de programas na TV, ou melhor dizendo, sessões de filmes, geralmente sendo exibidos nas madrugadas, que eram apresentados por atores veteranos do terror. Quem aqui no Brasil não se lembra do Cine Trash? Era bem nessa linha. Por isso o roteiro brincava bastante com essa situação, a de um jovem comum, que curtia esses filmes de horror e que de repente descobria que havia um vampiro de verdade se mudando para a casa ao lado!

Muito divertida essa ideia. Depois ele ia descobrindo mais e mais coisas e acabava pedindo ajuda a um apresentador de programas como as que eu falei, sessões de filmes porcarias, exibidos madrugadas adentro. Só que obviamente o sujeito era apenas um ator e não um caçador de vampiros! O mais legal desse ícone do terror 80´s é que todo o elenco está afinadíssimo em cena. A começar por Chris Sarandon como o vampiro, retomando todo aquele charme antigo dos monstros da Hammer. Charmoso e perigoso, ele se leva à sério em um filme que tinha duplo objetivo: fazer rir e dar sustos! Assim "A Hora do Espanto", o original e não suas refilmagens sem graça, ainda continua à prova do tempo, mesmo que seus efeitos especiais tenham envelhecido, nada consegue estragar essa produção verdadeiramente atemporal. Tudo envolvido agora com um delicioso saber de nostalgia.

A Hora do Espanto (Fright Night, Estados Unidos, 1985) Estúdio: Columbia Pictures / Direção: Tom Holland / Roteiro: Tom Holland / Elenco: Chris Sarandon, William Ragsdale, Amanda Bearse,  Roddy McDowall, Stephen Geoffreys, Jonathan Stark / Sinopse: Para seu espanto, jovem fã de filmes de horror de baixo orçamento descobre que seu novo vizinho é na verdade um vampiro! Filme premiado no Avoriaz Fantastic Film Festival na categoria de Melhor Direção (Tom Holland).

Pablo Aluísio.