sábado, 30 de dezembro de 2023

It: Capítulo Dois

O primeiro filme foi um grande sucesso de bilheteria. Custou apenas 35 milhões de dólares e faturou nas bilheterias mais de 75o milhões. Um lucro fantástico. Por isso era esperado que uma continuação fosse realizada. E assim chegamos nesse segundo capítulo. Essa sequência foi criticada por dois aspectos básicos. O filme seria muito longo e cansativo e seu roteiro seria repetitivo. Eu tenho uma visão diferente. Sim, o filme é longo. Quase três horas de duração. Porém não me soou cansativo. As pessoas esquecem que o livro original de Stephen King tem mais de mil páginas! Adaptar um livro desse tamanho para o cinema só poderia resultar mesmo em um filme longo. Cansativo porém não achei. Os roteiristas trouxeram o que era essencial para o filme. Como há vários personagens seria mesmo necessário ter espaço para cada um deles demonstrar sua personalidade no filme. Foi isso o que aconteceu. O palhaço Pennywise aparece a cada um deles em cenas individuais onde ele trabalha o lado psicológico dos garotos, seus traumas, seus complexos. Isso está no livro e era necessário trazer também para o filme. Não havia como retirar do roteiro. 

Com isso o segundo filme ficou mesmo longo, não tinha outra saída. Porem cada um desses momentos não é gratuito. O uso de vários flashbacks também foi criticado de forma indevida. Essa é a estrutura do livro, com passagens do passado e presente se intercalando. É uma ferramenta narrativa do próprio Stephen King que os roteiristas utilizaram também aqui. Ficou adequado. A edição é inteligente, mesclando em uma só sequência com passado e presente, tudo feito de forma bem eficaz. O resultado final me agradou bastante. O roteiro brinca até com o fato de que muitos criticam os finais dos livros de Stephen King. Ele inclusive está no filme, numa ponta, como um vendedor de coisas velhas. Pois bem, há que tenha odiado o final, achando simplista demais como os personagens deram fim ao Pennywise. Na minha opinião tudo foi válido e tem seu lugar no filme. A luta entre o palhaço e os protagonistas é no fundo psicológica e uma solução dessa natureza seria o mais adequado para o desfecho do enredo. Do jeito que ficou me agradou bastante. E se você gosta mesmo de Stephen King, então o filme se torna essencial.

It: Capítulo Dois (It Chapter Two, Estados Unidos, 2019) Direção: Andy Muschietti / Roteiro: Gary Dauberman / Elenco: Jessica Chastain, James McAvoy, Bill Hader, Bill Skarsgård / Sinopse: Vinte e sete anos após os acontecimentos do primeiro filme o palhaço Pennywise está de volta. Crianças começam a desaparecer novamente. Com isso os garotos do primeiro filme (agora todos adultos) resolvem se unir mais uma vez para acabar com as monstruosidades do palhaço.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

O Enigma do Horizonte

Uma equipe de resgate é enviada até os confins do universo para investigar uma nave espacial que havia sido tragada por um buraco negro no passado, mas que agora ressurgia novamente, de forma inesperada, praticamente do nada, trazendo algo ou alguma coisa desconhecida pela ciência humana a bordo. O diretor Paul W.S. Anderson nunca foi de realizar filmes banais, que não tivessem algum tipo de originalidade em relação ao seu gênero cinematográfico mais tradicional. Aqui, seguindo a tradição de sua filmografia, também procurou realizar algo diferente.

Claro que em se tratando de ficção sempre teremos como referência máxima o clássico de Stanley Kubrick, "2001 - Uma Odisséia do Espaço". "Event Horizon" assim não consegue escapar dessa obra prima do gênero e traz vários elementos do famoso clássico para o roteiro dessa produção, mas claro que tudo com um pouco menos de sucesso do ponto de vista artístico. Mesmo assim é um filme bem interessante, bem escrito e com ótima direção de arte. Os efeitos especiais também estão a serviço do roteiro e não o contrário como costumeiramente acontece nesse tipo de filme. Boa diversão que consegue até resistir bravamente ao tempo, algo que também sempre atinge filmes de ficção em geral. O passar dos anos costuma ser desastroso para o estilo Sci-Fi.

O Enigma do Horizonte (Event Horizon, Estados Unidos, 1997) Direção: Paul W.S. Anderson / Roteiro: Philip Eisner / Elenco: Laurence Fishburne, Sam Neill, Kathleen Quinlan / Sinopse: Uma viagem espacial sonda os limites da mente humana.

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de dezembro de 2023

Natal Sangrento

Título no Brasil: Natal Sangrento
Título Original: Silent Night, Deadly Night
Ano de Produção: 1984
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures
Direção: Charles E. Sellier Jr.
Roteiro: Paul Caimi, Michael Hickey
Elenco: Lilyan Chauvin, Gilmer McCormick, Toni Nero

Sinopse:
Depois que seus pais são assassinados, uma jovem adolescente atormentado sai em uma fúria assassina vestido como o próprio Papai Noel, aterrorizando as famílias na noite de Natal. A mente perturbada do assassino procura por vingança contra os abusos que sofreu após ser enviado para um sinistro orfanato. Roteiro parcialmente baseado numa história real envolvendo um dos mais infames serial killers (assassinos em série) dos Estados Unidos.

Comentários:
"Tente sobreviver ao Natal" - essa era a frase que acompanhava a publicidade desse "Natal Sangrento", filme de terror que invadiu os cinemas americanos na véspera de natal de 1984. Naquela década o cinema americano vivia uma febre de filmes de horror que disputavam o título de mais sangrento da temporada. Quanto mais sangue e tripas expostas melhor. Esse aqui foi lançado no mesmo final de semana de "A Hora do Pesadelo", sendo que ambos disputaram a preferência dos fãs de filmes de terror nas bilheterias naquela ocasião. O uso da mitologia de natal em um filme desse tipo causou uma certa indignação e revolta em determinados setores da sociedade americana. O filme foi acusado de ser de extremo mau gosto ao usar a figura de Papai Noel entrando pela chaminé de uma casa com um machado em seu poster original! Afinal estavam destruindo a figura do bom velhinho, o transformando em um psicopata cruel e assassino. Bobagem, o filme é um produto pop que jamais deve ser levado muito à sério. Causa espanto que críticos tão conceituados como Roger Ebert tenham escrito que a produção era uma "vergonha" por misturar os elementos natalinos em um filme Slasher de muita violência. O curioso é que o resultado foi bem mais violento do que queria seu diretor Charles E. Sellier Jr, a tal ponto que ele largou a produção pouco antes do fim das filmagens. Houve um atrito entre sua visão (mais centrada para o suspense) e os produtores, que queriam mais sangue derramando na tela. Assim o estúdio acabou escalando o editor Michael Spence para dirigir algumas cenas extras de matança, o que deixou tudo ainda mais cru e sádico. Estavam certos pois o filme acabou fazendo sucesso, dando origem dois anos depois a uma continuação que também foi bem sucedida do ponto de vista puramente comercial.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Transformers - A Vingança dos Derrotados

Título no Brasil: Transformers - A Vingança dos Derrotados
Título Original: Transformers - Revenge of the Fallen
Ano de Produção: 2009
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks, Paramount Pictures
Direção: Michael Bay
Roteiro: Ehren Kruger, Roberto Orci
Elenco: Shia LaBeouf, Megan Fox, Josh Duhamel, Tyrese Gibson, John Turturro, Ramon Rodriguez

Sinopse:
Sam Witwicky (Shia LaBeouf) deixa os Autobots para trás para tenter levar uma vida normal. Mas quando sua mente fica cheia de símbolos enigmáticos, os Decepticons o atacam e ele é arrastado de volta à guerra dos Transformers. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Mixagem de Som.

Comentários:
Também conhecido como Transformers 2, esse filme colecionou uma série de absurdos que só poderiam acontecer mesmo dentro da indústria americana de cinema. Primeiro de tudo foi o orçamento. O diretor Michael Bay pediu 200 milhões de dólares para rodar esse segundo filme! Isso mesmo, 200 milhões! E os estúdios deram essa grana toda para ele! Como se isso já não fosse louco o bastante, quando o filme começou a ser rodado ele não tinha o roteiro pronto. A produção foi realizada bem no meio da grande greve de roteiristas. Isso comprometeu demais o resultado final. O próprio diretor pediu desculpas e admitiu que o roteiro havia sido escrito às pressas, enquanto as filmagens avançavam. Ele mesmo foi criando as cenas, meio ao acaso, bem no improviso. Por isso não estranhe se a trama tiver mais furos que um queijo suíço. E não para por ai. A atriz Megan Fox brigou feio com Michael Bay e eles deixaram de se falar nas filmagens. E o mais absurdo de tudo aconteceu depois, quando o filme finalmente chegou nas telas de cinema do mundo todo. Mesmo com todo o caos, Transformers 2 virou um mega sucesso de bilheteria, recuperando rapidamente seu investimento no mercado interno e faturando mais de 800 milhões de dólares pelo mundo afora! Nada mal para um filme que nem roteiro tinha...

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de dezembro de 2023

A Hora do Espanto 2

Alguns filmes são tão bons e tão especiais que não precisam de seqüência. Seus enredos já são perfeitamente fechados em si, não havendo nenhuma razão racional para se levar em frente o tema. Foi o caso de “A Hora do Espanto”, considerado por muitos um dos melhores filmes de terror da década de 80. Infelizmente como se tornou um grande sucesso acabou virando também vítima de seu próprio êxito. O enredo de “A Hora do Espanto” era esperto, bem conduzido e único. Foi então que resolveram tentar apostar no grande sucesso do filme original para a produção dessa continuação desnecessária, sem qualquer charme ou razão plausível de existência. A trama e o roteiro eram tão oportunistas e picaretas que deixaram muitos fãs do primeiro filme completamente envergonhados. Não havia uma boa estória e nem um gancho para levar adiante tudo. Criaram uma nova vampira que seria supostamente a irmã do vampiro do primeiro filme (que vergonha meu Deus!), tudo embalado com efeitos especiais ruins e atuações medíocres.

Desnecessário esclarecer que “A Hora do Espanto II” foi um desastre em todos os aspectos. A tal vampira que surgia nesse enredo tão batido (Ele estava em busca de vingança?! Que novidade!!!) foi interpretada pela fraca atriz Julie Carmen que simplesmente não consegue dizer a que veio durante todo o filme. A intenção do roteiro era transformar essa personagem numa criatura da noite sensual e perigosa, uma versão feminina e barata do personagem feito por Chris Sarandon no primeiro filme. Bom, isso ficou apenas na intenção mesmo pois os resultados se mostraram muito ruins. A atriz falha em ser sensual e voluptuosa, se tornado ao invés disso apenas caricata, com muitas caras e bocas, sem esquecer é claro daqueles terríveis penteados armados da década de 80. Hoje soa tudo ridículo. Curiosamente no time dos vampiros malvados quem acabou se destacando foi um personagem secundário, Bozworth (Brian Thompson), um vampiro gourmet, apreciador de insetos nojentos que os devora como se fossem iguarias finas. Antes de comer ainda os cita pelo seu nome cientifico! Nonsense? Claro que sim, porém a coisa mais sem sentido mesmo em “A Hora do Espanto II” é a sua própria existência. Fuja desse filme como um vampiro foge da cruz!

A Hora do Espanto 2 (Fright Night 2, Estados Unidos, 1988) Direção: Tommy Lee Wallace / Roteiro: Tom Holland, Tim Metcalfe / Elenco: Roddy McDowall, William Ragsdale, Traci Lind, Julie Carmen, Brian Thompson / Sinopse: Após os acontecimentos do primeiro filme a dupla formada por Peter Vincent (Roddy McDowall) e Charley Brewster (William Ragsdale) se vê novamente às voltas com novos vampiros que agora estão sedentos não apenas de sangue mas de vingança também.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Aliens vs Predator - Requiem

Se você estiver interessado em conhecer como morrem as franquias basta assistir a filmes como esse. Veja que quando uma franquia comercial de sucesso em Hollywood começa a derrapar nas bilheterias (e isso senhoras e senhores acontece com todas as séries cinematográficas) o que sobra é esse tipo de produção. A receita desse tipo de bolo indigesto não tem segredo: no título usa-se como isca o nome das franquias moribundas. Basta lembrar de "Jason vs Freddy" e esse "Aliens vs Predador". Muitos podem dizer que esse tipo de produto nasceu no mundo dos quadrinhos. De fato isso é uma verdade. Mas até mesmo no mundo dos comics isso significa decadência comercial e artística. Quando as revistinhas começavam a não vender mais como antes os editores de quadrinhos colocavam o Batman para trocar socos com o Superman na DC Comics ou o Homem-Aranha saindo no braço com o Homem de Ferro na Marvel. É um engodo em essência, uma forma de resgatar personagens decadentes do limbo, do fracasso.

E assim chegamos a "Aliens vs Predador". Eu fico realmente entristecido em ver essas franquias entrarem em seu cemitério cinematográfico aqui, já que ambas as séries trouxeram muitas alegrias para os fãs de filmes Sci-Fi. Aliens sempre foi mais relevante do ponto de vista artístico, principalmente por causa do marcante primeiro filme, "Alien - O Oitavo Passageiro" assinado pelo brilhante e talentoso Ridley Scott. Idem para sua continuação "Aliens - O Resgate" dirigido pelo cultuada James Cameron. Até mesmo a terceira parte da franquia tinha seus méritos. Já o Predador entrou em declínio mais rapidamente. Depois de um marcante filme de ação nos anos 80 a série ainda teve um pequeno fôlego com sua continuação Predador 2 mas depois disso de fato foi ladeira abaixo. Dito isso não sobra muito o que comentar sobre esse filme "Aliens vs Predador". É uma bobagem, tendo no elenco um grupo de atores desconhecidos e sem talento, que no final das contas só estão lá para morrerem de uma forma industrial, muitas vezes sem qualquer empolgação. Diversão fast food da pior espécie. Nem como produto trash funciona. Era mesmo melhor que esses dois monstros tivessem morte mais digna nas salas de cinema. "Aliens vs Predador" é a pior das tumbas cinematográficas.

Aliens vs. Predador 2 (AVPR: Aliens vs Predator - Requiem, Estados Unidos, 2007) Direção: Colin Strause, Greg Strause / Roteiro: Shane Salerno, Dan O'Bannon / Elenco: Steven Pasquale, Reiko Aylesworth, John Ortiz / Sinopse: Aliens e Predadores se enfrentam numa pequena cidade americana.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Terror em Silent Hill

Filme de terror que acabou dando origem a uma nova franquia no cinema, para surpresa de muita gente que não colocava muito fé na produção. Como é baseado em um game popular toda a trama soa até bem simples. Veja que enredo básico. Uma mãe sai em uma busca desesperada do paradeiro de sua filha desaparecida, dentro dos limites de uma cidade estranha e desolada, chamada Silent Hill. Conforme ela entra naquele lugar escuro, sombrio e com névoa eterna, ela vai encontrando seres e criaturas bem esquisitas que definitivamente não parecem ser desse mundo. Provavelmente ele atravessou a cortina que separa o universo dos vidos, da dos mortos. O problema é que são entidades perigosas, que habitam as trevas. Sair viva de lá vai ser um grande desafio. "Terror em Silent Hill" é aquele tipo de filme em que você não deve se preocupar muito em termos de roteiro, atuação ou direção. O que vale aqui realmente é agradar aos fãs do jogo de terror e isso, em razão das péssimas adaptações feitas nos últimos anos, era um desafio e tanto a se superar.

Falando sinceramente praticamente quase todos os filmes baseados em games foram ruins. Poucos se salvaram. A boa notícia é que o diretor Christophe Gans conseguiu superar essa barreira. Ele obviamente passou longe de criar uma obra prima do terror, mas em compensação realizou um filme correto, equilibrado, que conta (bem) seu enredo de forma simples e sem exageros desnecessários. Quem diria que isso tudo iria resultar em bom cinema? Agora, o que se sobressai mesmo em "Silent Hill" é a sua maravilhosa direção de arte, figurinos e maquiagem. A sucessão de monstros que desfilam na tela realmente impressiona pela originalidade. São seres bizarros, disformes, sem paralelo. Some-se a isso um filme curto, eficiente e bem feito e você certamente terá um bom divertimento pela frente. "Terror em Silent Hill" é angustiante na medida certa e funciona muito bem para quem deseja ter alguns bons sustos. Vale a recomendação. 

Terror em Silent Hill (Silent Hill, Estados Unidos, 2006) Direção: Christophe Gans / Roteiro: Roger Avary / Elenco: Radha Mitchell, Laurie Holden, Sean Bean / Sinopse: O filme conta a história da trajetória de uma mãe desesperada em encontrar sua filha desaparecida em uma cidade abandonada e sinistra. Filme baseado e adaptado do famoso jogo de vídeogame. Indicado ao prêmio do Fangoria Chainsaw Awards em cinco categorias, entre elas Melhor Direção de Arte, Melhor Maquiagem e Melhores Efeitos Especiais.

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de dezembro de 2023

Os Agentes do Destino

David Norris (Matt Damon) é um candidato ao senado dos Estados Unidos que descobre estar sendo seguido de perto por estranhos e misteriosos homens que tentam manipular os acontecimentos e eventos de sua vida, numa verdadeira manobra de controle do destino. Algumas coisas me incomodaram no roteiro. Não li a obra de Phillip K Dick e por isso não sei ao certo se os problemas são apenas do filme ou também do conto que lhe deu origem. O fato porém é que a premissa de tudo é um tanto absurda no meu ponto de vista. O filme parte do pressuposto de que todas as pessoas no mundo já possuem seu destino traçado, determinado em livros previamente escritos. Qualquer tentativa de sair dessa linha teria que ser corrigida por agentes (os tais agentes do destino, sujeitos com roupa ao estilo agente do FBI dos anos 50). No centro de tudo teríamos o personagem chamado no filme de presidente (que pelas insinuações do argumento tudo leva a crer tratar-se de quem você está pensando mesmo ou uma entidade equivalente ao Deus judaico cristão). 

Não é complicado ver como seria o caos se algo assim realmente comandasse nossas vidas. Se para impedir um namorico como é mostrado no filme são necessários centenas de agentes do destino imagine monitorar tudo o que acontece em nossas vidas? Além do mais essa visão (Calvinista, diga-se de passagem) cai no paradoxo de que se tudo já é predeterminado então para que a existência dos seres humanos? Aonde foi parar o livre arbítrio de todos nós? Qual é o propósito de nossas vidas? Nenhum obviamente. Tirando as questões filosóficas que emergem do argumento do filme temos um produto que cai na falta de foco várias vezes apesar dos esforços de seus realizadores. É a tal coisa, ou o filme de ficção segue uma linha mais intelectual, intuitiva, ou então que siga pelo caminho da ação desenfreada. Tentar unir essas duas coisas ao mesmo tempo não costuma dar muito certo e é justamente o que acontece aqui. O roteiro não sabe se desenvolve melhor o tema dos agentes do destino ou se abraça as sequências de ação de uma vez por todas. No meio da indecisão o filme ora ganha ritmo frenético, ora cai no marasmo. Damon não está convincente em seu papel que diga-se de passagem exigiria um ator mais velho com cara de durão (ele é jovem demais para ser candidato ao senado dos EUA, cargo que é disputado por veteranos da política americana). Já Blunt não tem muito o que fazer em cena. Em conclusão é isso, "Os Agentes do Destino" tenta agradar ao mesmo tempo os interessados na obra de Dick (um autor intelectual por excelência) e os fãs de filmes de ação e termina por não satisfazer nenhum dos dois grupos.  

Os Agentes do Destino (The Adjustment Bureau, Estados Unidos, 2011) Direção: George Nolfi / Roteiro: George Nolfi baseado no conto de Philip K Dick / Elenco: Matt Damon, Emily Blunt, Michael Kelly / Sinopse: David Norris (Matt Damon) é um candidato ao senado dos Estados Unidos que descobre estar sendo seguido de perto por estranhos e misteriosos homens que tentam manipular os acontecimentos e eventos de sua vida, numa verdadeira manobra de controle do destino.  

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Anjos da Noite

Título no Brasil: Anjos da Noite
Título Original: Underworld
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Len Wiseman
Roteiro: Kevin Grevioux, Len Wiseman
Elenco: Kate Beckinsale, Scott Speedman, Shane Brolly

Sinopse:
Selene (Kate Beckinsale), uma bela guerreira vampira, acaba se envolvendo numa milenar guerra entre vampiros e lobisomens. Por ser uma criatura da noite ela acaba se alinhando ao lado dos clãs vampirescos mas não consegue deixar de lado uma indisfarçável paixão para com Michael Corvin (Scott Speedman) que nas noites de lua cheia se torna um sanguinário lobisomem.

Comentários:
Como o tempo passa rápido! Lá se vai mais de um década da estréia da franquia "Underworld" nos cinemas. Tudo começou justamente com essa produção que foi lançada sem grandes pretensões mas que acabou caindo no gosto do público americano. Há uma clara tentativa de aproximar a mitologia dos vampiros e lobisomens com as novas tendências do cinema Sci-fi ao estilo "Matrix". Até os figurinos nos lembram disso. O enredo também tem um jeitão de adaptação de quadrinhos que deixa tudo com um estilo muito pop pipoca, o que desagradou a alguns fãs mais tradicionalistas do gênero horror. Em certos momentos também lembra o mal sucedido "Van Helsing" que curiosamente não deu certo nas bilheterias mas inaugurou um novo estilo, com muitos efeitos digitais e pouco roteiro. No final das contas quem segura o filme mesmo é o carisma da atriz Kate Beckinsale que aqui contracena com o galã televisivo da série "Felicity", Scott Speedman. Os efeitos ficariam melhores nos próximos filmes mas esse aqui já tem todos os ingredientes que fizeram o sucesso da franquia nos anos seguintes. Vale a pena rever para tentar entender porque a série deu tão certo, mesmo não havendo nenhuma obra prima entre as sequências.

Pablo Aluísio.

sábado, 2 de dezembro de 2023

Oblivion

Está chegando nas telas o novo filme do astro Tom Cruise. Desde que rompeu com a Paramount o ator vem tentando colocar sua carreira nos eixos novamente. Depois do sucesso de seu último “Missão Impossível” ele finalmente voltou a cair nas graças dos grandes estúdios, se tornando novamente um nome forte nas bilheterias. Agora mira no público Sci-Fi nessa nova ficção futurista passada no distante ano de 2077. A Terra está devastada após anos de guerras e tragédias, o que sobrou do planeta são apenas resquícios de matéria prima ao qual cabe a Jack Harper (Tom Cruise) dar a devida segurança para que sejam extraídos e levados até uma colônia lunar. Tudo corre relativamente bem até que Jack encontra uma sobrevivente (Olga Kurylenko) dentro de uma nave em ruínas após um acidente. Estranhamente essa desconhecida consegue criar um vínculo sensorial, de complicada explicação, com ele. Aos poucos Harper vai percebendo que nem tudo é o que aparenta ser naquele ambiente hostil e devastado.

Esse “Oblivion” não deixa de ser um filme muito bem produzido, interessante, com uma inovadora direção de arte, realmente inspirada, tudo intercalado com algumas ótimas cenas de ação (a Terra devastada também é habitada por alienígenas que percorrem o planeta em busca de recursos vitais). Tom Cruise parece bem à vontade na pele de um misto de soldado e engenheiro que tem que garantir segurança enquanto os últimos recursos da Terra são extraídos. O que complica "Oblivion" é querer se passar por algo que definitivamente não é. O problema é que em determinado ponto do filme o argumento se torna pretensioso, querendo criar um subtexto que chega a lembrar até mesmo grandes clássicos do cinema como “2001”. Essa pretensão sem sentido acaba tornando a trama extremamente confusa (e chata, para dizer a verdade). Obviamente que o diretor Joseph Kosinski passa longe de ser um Stanley Kubrick e por isso tudo acaba indo por água abaixo. Sem saber direito para onde ir o cineasta, depois de promover uma “reviravolta forçada”, tenta consertar o estrago alongando a estória além do necessário, quebrando seu ritmo e cansando o público, que aqui obviamente é aquele que consome “blockbusters” em série, ou seja, nada interessado em roteiros “cabeças” ou profundos demais. A solução de tudo também soa tão decepcionante, quase bobo! Assim “Oblivion” perde a ótima oportunidade de ser apenas uma ficção eficiente, bem realizada, para se tornar um produto que afundou por causa de suas próprias pretensões sem cabimento. Faltou mesmo talento para ir até onde o argumento exigia.

Oblivion (Oblivion, Estados Unidos, 2013) Direção: Joseph Kosinski / Roteiro: Joseph Kosinski, William Monahan / Elenco: Tom Cruise, Morgan Freeman, Nikolaj Coster-Waldau, Olga Kurylenko / Sinopse: No ano de 2077 a Terra está devastado. Participando de uma missão no planeta Jack Harper (Tom Cruise) acaba encontrando uma sobrevivente de uma nave espacial acidentada. Esse encontro mudará completamente os rumos de sua vida.

Pablo Aluísio.