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sábado, 9 de dezembro de 2023

Os Agentes do Destino

David Norris (Matt Damon) é um candidato ao senado dos Estados Unidos que descobre estar sendo seguido de perto por estranhos e misteriosos homens que tentam manipular os acontecimentos e eventos de sua vida, numa verdadeira manobra de controle do destino. Algumas coisas me incomodaram no roteiro. Não li a obra de Phillip K Dick e por isso não sei ao certo se os problemas são apenas do filme ou também do conto que lhe deu origem. O fato porém é que a premissa de tudo é um tanto absurda no meu ponto de vista. O filme parte do pressuposto de que todas as pessoas no mundo já possuem seu destino traçado, determinado em livros previamente escritos. Qualquer tentativa de sair dessa linha teria que ser corrigida por agentes (os tais agentes do destino, sujeitos com roupa ao estilo agente do FBI dos anos 50). No centro de tudo teríamos o personagem chamado no filme de presidente (que pelas insinuações do argumento tudo leva a crer tratar-se de quem você está pensando mesmo ou uma entidade equivalente ao Deus judaico cristão). 

Não é complicado ver como seria o caos se algo assim realmente comandasse nossas vidas. Se para impedir um namorico como é mostrado no filme são necessários centenas de agentes do destino imagine monitorar tudo o que acontece em nossas vidas? Além do mais essa visão (Calvinista, diga-se de passagem) cai no paradoxo de que se tudo já é predeterminado então para que a existência dos seres humanos? Aonde foi parar o livre arbítrio de todos nós? Qual é o propósito de nossas vidas? Nenhum obviamente. Tirando as questões filosóficas que emergem do argumento do filme temos um produto que cai na falta de foco várias vezes apesar dos esforços de seus realizadores. É a tal coisa, ou o filme de ficção segue uma linha mais intelectual, intuitiva, ou então que siga pelo caminho da ação desenfreada. Tentar unir essas duas coisas ao mesmo tempo não costuma dar muito certo e é justamente o que acontece aqui. O roteiro não sabe se desenvolve melhor o tema dos agentes do destino ou se abraça as sequências de ação de uma vez por todas. No meio da indecisão o filme ora ganha ritmo frenético, ora cai no marasmo. Damon não está convincente em seu papel que diga-se de passagem exigiria um ator mais velho com cara de durão (ele é jovem demais para ser candidato ao senado dos EUA, cargo que é disputado por veteranos da política americana). Já Blunt não tem muito o que fazer em cena. Em conclusão é isso, "Os Agentes do Destino" tenta agradar ao mesmo tempo os interessados na obra de Dick (um autor intelectual por excelência) e os fãs de filmes de ação e termina por não satisfazer nenhum dos dois grupos.  

Os Agentes do Destino (The Adjustment Bureau, Estados Unidos, 2011) Direção: George Nolfi / Roteiro: George Nolfi baseado no conto de Philip K Dick / Elenco: Matt Damon, Emily Blunt, Michael Kelly / Sinopse: David Norris (Matt Damon) é um candidato ao senado dos Estados Unidos que descobre estar sendo seguido de perto por estranhos e misteriosos homens que tentam manipular os acontecimentos e eventos de sua vida, numa verdadeira manobra de controle do destino.  

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Elysium

O ano é 2154. A humanidade está dividida em duas castas principais. Os ricos moram na estação espacial Elysium, um lugar magnífico, lindo, cheio de belas mansões e maravilhosos jardins. Os pobres moram na Terra, nessa altura da história um planeta poluído, devastado, superpovoado e repleto de pobreza e miséria. Max (Matt Damon) nasceu em uma Los Angeles decadente, onde quase todos só falam espanhol e são latinos. Seu sonho é um dia ir para Elysium mas como ex-presidiário isso parece ser um objetivo muito longe de se concretizar. Para sobreviver ele se torna operário de uma indústria da região. Em um mundo onde ter emprego é um grande privilégio, ele não se importa muito em ser explorado da maneira mais vil pelos grandes capitalistas que dominam o mundo. Durante uma operação padrão dentro da empresa ele acaba sendo contaminado por altos graus de radiação. Sua única saída seria a tecnologia médica de Elysium mas para chegar lá ele terá que contar com um verdadeiro "coiote espacial", Spider (Wagner Moura), um bandido pé de chinelo que ganha a vida transportando ilegais para dentro de Elysium.

Como se pode perceber pela sinopse essa ficção "Elysium" tem boas ideias. Afinal analisando-se bem vemos que tudo é uma grande metáfora sobre a sociedade americana atual. A estação Elysium assim nada mais seria que o próprio Estados Unidos, um oásis de riqueza e prosperidade que estaria sendo invadido por massas de ilegais todos os dias! Não é preciso ser muito perspicaz para entender as intenções do roteiro ao colocar toda aquela multidão de pobres e miseráveis latinos invadindo a Elysium (EUA) em busca de uma melhor condição de vida. É uma visão preconceituosa? Claro que sim! Infelizmente o que poderia ser um argumento muito interessante do ponto de vista sociológico logo se rende aos mais batidos clichês do gênero, caindo na vala comum dos filmes de ação e ficção pipoca que invadem as telas dos cinemas comerciais mundo afora. O primeiro ato, mostrando a nova realidade social do mundo do futuro, acaba dessa forma desabando sobre uma enorme quantidade de soluções fáceis e óbvias demais para ser levado à sério. O que era de fato um conceito muito promissor logo deixa de ter importância pois o roteiro, de forma muito preguiçosa aliás, prefere se apoiar nas cenas de ação gratuitas ao invés de desenvolver melhor o que se passa naquele universo. Assim o que sobra é um filme genérico e batido que logo se torna um dos mais decepcionantes da temporada.


Elysium (Elysium, Estados Unidos, 2013) Direção: Neill Blomkamp / Roteiro: Neill Blomkamp / Elenco: Matt Damon, Jodie Foster, Wagner Moura, Diego Luna, Alice Braga, Sharlto Copley / Sinopse: No futuro da Terra a separação entre pobres e ricos é ameaçada por um ex-presidiário, Max (Damon), que precisa de todas as formas entrar na estação Elysium em busca de uma cura para a radiação a que foi exposto. Do mesmo diretor de "Distrito 9".

Pablo Aluísio.