quinta-feira, 27 de junho de 2024

Jogos Mortais 3

Título no Brasil: Jogos Mortais 3
Título Original: Saw III
Ano de Produção: 2006
País: Estados Unidos
Estúdio: Twisted Pictures, Evolution Entertainment
Direção: Darren Lynn Bousman
Roteiro: Leigh Whannell, James Wan
Elenco: Tobin Bell, Shawnee Smith, Angus Macfadyen

Sinopse:
Jeff (Angus Macfadyen) é um homem angustiado após perder sua família em um terrível acidente de carro. Ele se torna obcecado em vingar a morte de seus parentes contra o motorista irresponsável que as causou. O Dr. Lynn Denlon (Bahar Soomekh) por sua vez tem sérios problemas em seu casamento. Frustrado, se torna um homem à beira da insanidade. Ambos se tornam alvos da psicótica Amanda (Shawnee Smith), uma admiradora de Jigsaw. Jeff é colocado em um jogo mortal de vida e morte e o Dr. Denlon é levado para um armazém abandonado onde precisa manter John Kramer - Jigsaw - vivo acima de tudo! Um colar explosivo é colocado em seu pescoço, ligado aos aparelhos que mantém Kramer vivo. O artefato será acionado caso Jigsaw morra. E que os jogos comecem...

Comentários:
Terceiro exemplar da franquia de grande sucesso "Saw". É a tal coisa, um filme como esse, com orçamento até modesto (custou meros 10 milhões de dólares) se torna facilmente lucrativo por causa da força do nome comercial dos filmes envolvendo o famoso Jigsaw (um dos melhores personagens de filmes de terror e suspense surgidos nos últimos anos, não há como negar). O interessante é que já nessa terceira parte já vamos percebendo uma certa saturação em seu argumento. Fruto provavelmente dos problemas de saúde enfrentados pelo John Kramer - Jigsaw. Um dos erros de roteiro dessa saga em minha opinião veio justamente disso. Jigsaw saiu de circulação cedo demais, fazendo com que os roteiros tivessem que se utilizar de "admiradores" do psicopata como a própria Amanda, que vemos aqui. Mesmo assim ainda conseguimos ter, apesar dos pesares, um bom produto em mãos. Não é nenhuma obra prima mas vale como elo de ligação entre as películas com a marca "Saw".

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Hellraiser - O Julgamento

Título no Brasil: Hellraiser - O Julgamento
Título Original: Hellraiser - Judgment
Ano de Produção: 2018
País: Estados Unidos
Estúdio: Dimension Films
Direção: Gary J. Tunnicliffe
Roteiro: Gary J. Tunnicliffe
Elenco: Damon Carney, Randy Wayne, Alexandra Harris, Heather Langenkamp, Paul T. Taylor, Gary J. Tunnicliffe

Sinopse:
Três policiais de Los Angeles investigam um caso envolvendo um serial killer que assina seus crimes como o "preceptor". Há um toque de religiosidade fanática em seus assassinatos. Sò que isso é apenas a ponta do iceberg, pois seres sobrenaturais começam a julgar os vivos e os mortos por seus pecados, os condenando a torturas horríveis e inimagináveis.

Comentários:
Que filme ruim! Realmente essa franquia "Hellraiser" sempre foi problemática. De verdade apenas o primeiro filme pode ser considerado um bom filme de terror. O restante da série é bem ruim mesmo. Com o tempo a qualidade dos filmes apenas piorou, não sobrando muita coisa a elogiar. Esse aqui é dos piores. O roteiro é bem ruim, os protagonistas são realmente péssimos e tudo soa como falso, fake. Pouca coisa se salva. O pior é que conseguiram estragar até mesmo o Pinhead, aquele personagem com pregos na cabeça, sempre lembrado do primeiro filme. Ele se tornou banal e tosco. E o que dizer de seu combate final com uma jovem loira representando um anjo? Muito fraco, praticamente risível. Eu já esperava por algo fraco, mas não pensei que fosse tão ruim. E pensar que esse filme B foi produzido pela Dimension, companhia cinematográfica sempre lembrada por bons filmes de terror no passado! Erraram a mão demais nessa produção, provavelmente estejam indo à falência... ou algo assim. Enfim, praticamente nada se salva. Fica apenas a vontade de rever o filme original, aquele sim um bom filme de terror dos anos 80, até hoje lembrado pelos fãs. 

Pablo Aluísio.

sábado, 22 de junho de 2024

O Vampiro de Versalhes - Parte VI

Sobre a Vida (ou a Morte)
Normandia,  2 de março de 1883
Faz mais de um ano que deixei Paris. Eu sempre amarei essa cidade, estará sempre em meu coração, mas devo seguir em frente. Algumas vezes percebemos que o ambiente está saturado, que não há mais como respirar em determinados lugares. Não é a cidade em si, mas as pessoas que moram nela. Dentro de duas ou três gerações eu poderei voltar, quem sabe, quando todos esses moradores estiverem com a morada nas catacumbas da cidade. Simplesmente não quero ver mais essa gente. 

Aliás já parou para pensar que a maioria das pessoas que habitam suas lembranças nem existem mais? E não estou falando apenas de pessoas que morreram, mas também das pessoas que mudaram sua aparência. Sabe aquela paixão da adolescência? Esqueça! Ela é outra pessoa agora, muito provavelmente completamente mudada. As pessoas mudam. Por isso as suas lembranças são povoadas de pessoas que simplesmente não existem mais. Eis uma realidade. E nem precisa ser imortal para bem entender isso. 

Ora, daqui cem anos ninguém mais saberá quem você foi. Isso se você for uma pessoa comum e não o Alexandre, o Grande, ou o Júlio César. Esses sempre serão lembrados pela história. Mas você aí, que tem um trabalho simples, que leva uma vida bem anônima, não se engane, uma ou duas gerações após sua morte ninguém mais se lembrará que um dia você exisitu. A vida é muito efêmera, muito passageira. A maioria das pessoas, a imensa maioria dos seres humanos, não importa muito. O tempo, senhor de tudo, jogará as areias dos anos sobre suas lembranças. Nem seus parentes distantes saberão que voce um dia existiu e isso é tudo. Faça o teste. Procure se lembrar de seus antepassados de três ou quatro gerações passadas. Não vai dar... Eles foram esquecidos. Lamento. 

E não me venha com histórias envolvendo a imortalidade da alma. Isso não existe. O conceito de Alma foi inventado pelos gregos. Nem os judeus antigos, do velho testamento, sabiam o que era alma. Se algum religioso lhe ensinou o contrário, saiba que ele lhe enganou, ou por ser um picareta mesmo ou por ser um ignorante. As duas situações não são nada boas! 

O conceito de Alma é puramente filosófico. Os gregos eram mestres em filosofia, em pensamento abstrato. Então diante da efemeridade da existência eles criaram um pensamento que trouxesse algum conforto para pessoas que estavam vivendo o luto. No conceito de Alma ninguém morrerá jamais. A Alma do seu parente morto viverá para sempre! É um pensamento que reconforta, mas que também não tem base nenhuma na esfera da ciência. 

E por falar em religião as pessoas comuns pensam que os vampiros são seres religiosos que acreditam em céu e inferno, que são seguidores do Diabo e tudo mais. Que bobagem! Sabe aquela história boboca de que um vampiro sempre sairá correndo quando confrontado com uma cruz cristã? É uma grande lorota disseminada pelos livros góticos. 

Durante praticamente toda a minha existência vivi trabalhando como especialista em antiguidades, inclusive peças e obras de arte religiosas. Nunca aconteceu nada comigo, nunca me fizeram mal nenhum. Pelo contrário, sou até admirador de arte sacra, vejam só! E tomei gosto por arte antiga, tanto que continuo trabalhando como antiquário, mesmo sendo podre de rico com a fortuna da condessa russa. E você pode se perguntar porque ainda faça esse trabalho? Bom... é um hobbie dos mais agradáveis... Adoro colocar as mãos em peças antigas, estudá-las, catalogar uma coleção. Isso é cultura, é arte. Nada mais prazeroso do que lidar com esse tipo de coisa. É um dos prazeres da minha existência. 

Então tudo o que se lê nos livros e se vê nas peças teatrais é pura mentira? Nem tanto. Temos problemas com a luz solar. Eu não posso andar pelas ruas da cidade com sol a pino, no calor do meio-dia. Se eu fizer algo assim certamente vou queimar até os meus ossos virarem pó. Não sei a razão. Provavelmente o vampirismo seja alguma modificação genética causada por algum tipo de vírus. Eu não sou cientista, mas tenho vontade de estudar o tema. O problema é que a maioria dos cientistas acredita que essa coisa de vampiro é pura cultura pop, que não passa de folclore. Ninguém pode condená-los por pensar assim. Esses conceitos todos são bem absurdos, vamos ser bem sinceros nessas linhas.

E aqui entro, mesmo que brevemente, na questão alimentar. Veja, em minha existência não preciso de uma montanha de corpos humanos ao meu redor. Isso seria intolerável. Nada é mais complicado do que se livrar de um corpo humano. Pesam demais, começam rapidamente a cheirar mal. Um horror estético, devo dizer. É a parte de ser um vampiro que menos aprecio. Um único ser humano alimenta um vampiro equilibrado por cerca de 30 dias. Numa continha rápida, só preciso me alimentar 12 vezes ao ano, algo que sigo na regra, na risca, sem exageros. 

E também não gosto de caçar muito os seres humanos. Basicamente sou um oportunista da noite. Não fico fazendo emboscadas, só quando odeio minha presa. Na maioria das vezes apenas fico ciente que está chegando o dia que devo me alimentar e vou ficando mais atento com as oportunidades que a noite traz. 

Não adiante sair matando, causando caos nos lugares e cidades por onde se passa. Pelo contrário. Quando me fixo em algum lugar prefiro me alimentar na cidade vizinha ou em outras regiões. Não quero a polícia me investigando, me cercando. 

E também jamais ataco pessoas que conheci recentemente ou que se mostraram boas amigas. Não subestime o poder de uma amizade, principalmente envolvendo pessoas do interior. Você sempre vai precisar de alguma ajuda, de algum serviço. Por isso trato todas essas pessoas muito bem, de forma sincera. Não são meu alimento. São pessoas que merecem respeito e dignidade. 

Acredite em mim, no fundo eu sou um cara legal...

Maximilian,

quarta-feira, 19 de junho de 2024

Halloween O Início

Título no Brasil: Halloween O Início
Título Original: Halloween
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos
Estúdio: Dimension Films
Direção: Rob Zombie
Roteiro: Rob Zombie baseado no filme de John Carpenter
Elenco: Malcolm McDowell, Scout Taylor-Compton, Tyler Mane e Rob Zombie

Sinopse: 
A infância de Michael Myers (Daeg Faerch) não é nada fácil. Zombado por colegas de escola, humilhado por familiares, ele acaba extravasando sua raiva de uma maneira completamente violenta e sem limites. Usando uma máscara de palhaço ele começa a maltratar e torturar pequenos animais. Isso se torna a gênese de um futuro serial killer completamente sedento por sangue e violência insana.

Comentários:
"Halloween O Início" é aquele tipo de filme que você facilmente conclui que é bem desnecessário. Até porque o original já é um clássico e suas várias sequências só serviram para provar que a fórmula já está mais do que desgastada. Aqui o suspense e o clima são deixados de lado sem muita cerimônia. O que era medo sutil no primeiro filme vira puro exagero. O psicopata assume ares de super-herói, com poderes absurdamente atribuídos a ele. Em determinados momentos chega a atravessar paredes sem muito esforço. O que sobra é um produto muito chulo, com uso exagerado de palavrões e cenas sem qualquer noção. Seria bem melhor que deixassem o pobre Michael Myers em paz, afinal ele já havia sido imortalizado na obra de John Carpenter. Não era necessário voltar para esse filme inútil.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 12 de junho de 2024

Revendo Batman de 1989

Revendo Batman de 1989
Apareceu no streaming e decidi rever. Fazia muitos anos que tinha visto pela última vez. Coloque aí décadas de distância. Eu confesso que nem quando vi pela primeira vez gostei muito. E estou falando do lançamento original do filme no final dos anos 80. Eu deveria ter uns 16 anos de idade, por aí. Ainda assim fiquei longe de cair naquela besteira de marketing da tal Batmania. Já era crescido demais para isso e como nunca fui fã de quadrinhos a coisa piorou ainda mais. Assisti, achei OK e nada demais. Vida que segue. 

Então nessa revisão o filme ficou ainda pior. Achei o roteiro mal desenvolvido, cartunesco mesmo. Nada daquele papo de que o Batman desse filme é dark, sombrio. Achei nada disso. Ele é bem quadrinhos mesmo, comics acima de tudo. E esse Michael Keaton e seus biquinhos são particularmente irritantes. O cara simplesmente não deu certo nem como Bruce Wayne e nem como Batman. E não, não se trata do mesmo personagem, tem nuances diferentes por ali. Como Wayne, o Keaton nunca foi grande ator para isso. Como Batman a roupa não ajudou. Ele ficou de pescoço duro, nada bom para enfrentar bandidos em lutas de artes marciais.

Então chegamos no Coringa. Esse sim roubou o filme. Agora isso tem nome e sobrenome: Jack Nicholson. Mesmo em um papel raso e sem profundidade nenhuma, puro comics, lembra, o Jack foi muito bem. Provavelmente porque ele não levou à sério em nenhum momento o personagem e ele estava certo nisso, é um personagem de quadrinhos, nada mais. Vilão de história em quadrinhos, literalmente. Não é Shakespeare. 

Então é isso. Um filme meio vazio. Tem uma direção de arte bonita e nada muito além disso. O roteiro não é tão bom, os demais atores também não são lá essas coisas. Achei a Kim Basinger péssima. Com cara de tonta e nem um pouco tão bonita como dizem. enfim, o tempo cobrou seu preço. O filme já não é tão maravilhoso como um dia disseram que era. Ficou Batdatado! 

Pablo Aluísio. 

A Condessa

Erzebet Bathory (Julie Delpy) é uma condessa húngara que se torna obcecada por beleza e juventude. Tentando a todo modo permanecer sempre jovial e bonita ela começa a se tornar ávida por sangue humano pois acredita ser esse um excelente modo de se manter sempre jovem e bela. Em sua mente perturbada nada seria mais rejuvenescedor do que tomar um grande banho de sangue humano em sua banheira imperial, hábito que logo cultivaria com frequência em seu castelo isolado. Em busca de mais e mais sangue de jovens donzelas ela começa a assassinar jovens criadas de seu próprio quadro de serviçais. Não satisfeita e sem ter mais a quem matar entre sua criadagem, ela começa a sumir com jovens nobres da sociedade. O fato logo chega aos ouvidos do Rei que alarmado envia um nobre de alta estirpe para investigar o caso. Por mais bizarra e surreal que pareça a história da Condessa Bathory esse foi um fato real acontecido no século XVI na chamada Europa Central. Seus crimes se tornaram famosos pois estima-se que a nobre tenha levado à morte mais de 600 jovens mulheres que viviam em seu feudo. O filme é bem fiel aos acontecimentos porém há relatos de que a Condessa real foi ainda mais sanguinária do que a mostrada na tela. Muitos livros históricos afirmam que ela na realidade sofria de uma grave doença mental que a fazia sentir enorme prazer em ver outras pessoas sendo torturadas e mortas ao seu lado. Ela mantinha um calabouço de torturas onde promovia mortes horríveis a todas as jovens que conseguia capturar.

Sua história macabra inspirou várias lendas ao longo dos séculos, inclusive o próprio Drácula dos livros de ficção. Bram Stoker ficou particularmente interessado na sede de sangue da Condessa e por isso trouxe ao seu monstro vampiro a necessidade de sempre se alimentar de sangue humano. Anos depois do sucesso do livro de Stoker a própria nobre húngara recebeu o título de "Condessa Drácula" numa fina ironia do destino. Ao mesmo tempo em que influenciou a criação do personagem foi batizada pelo nome do mais famoso vampiro da história. O elenco em cena está bem inspirado, principalmente William Hurt dando show de interpretação no papel do nobre Gyorgy Thurzo. Em uma época em que a nobreza estava acima da lei ele teve a sensatez de encarcerar a psicótica Condessa em seu castelo até o fim de sua vida. Já Julie Delpy está perfeita como a desequilibrada Erzebet Bathory, uma mulher completamente obcecada pela beleza e juventude eternas que apaixonada por um homem bem mais jovem do que ela não mede esforços para consumar essa relação. A produção é um projeto pessoal de Julie Delpy que não apenas estrelou o filme como também dirigiu e escreveu seu roteiro. O resultado é de excelente nível. Um filme que mostra que a despeito de toda a nossa cultura e civilização ainda existe em certas pessoas uma perversidade intrínseca, que não consegue ser detida. Assista "A Condessa" e conheça um pouco mais sobre o lado mais macabro da alma humana.

A Condessa (The Countess, Estados Unidos, França, Alemanha, 2009) Direção: Julie Delpy / Roteiro: Julie Delpy / Elenco: Julie Delpy, William Hurt, Daniel Brühl, Anamaria Marinca / Sinopse: Erzebet Bathory (Julie Delpy) é uma condessa húngara que se torna obcecada por beleza e juventude. Tentando a todo modo permanecer sempre jovial e bonita ela começa a se tornar ávida por sangue humano pois acredita ser esse um excelente modo de se manter sempre jovem e bela. Em sua mente perturbada nada seria mais rejuvenescedor do que tomar um grande banho de sangue humano em sua banheira imperial, hábito que logo cultivaria com frequência em seu castelo isolado. Em busca de mais e mais sangue de jovens donzelas ela começa a assassinar jovens criadas de seu próprio quadro de serviçais.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 11 de junho de 2024

O Vampiro de Versalhes - Parte V

A Condessa Russa
Paris, 13 de janeiro de 1882
Você ainda está viva? Faço essa pergunta porque faz algumas décadas que nos correspondemos, mas minhas últimas cartas não encontram resposta de sua parte. Provavelmente você já morreu... Muitas vezes esqueço como a vida humana é fugaz, como os seres humanos são frágeis. Morrem por qualquer coisa, por qualquer acidente banal. Nesses momentos até fico feliz por ter me tornado um vampiro. Claro, há dias em que isso de sair atrás de presas humanas é mortalmente chato e enfadonho, ainda mais quando o tempo vai se acabando, o sol vai nascendo e você precisa se alimentar de qualquer um que cruze seu caminho... Já cheguei até mesmo a me alimentar de um morador de rua... Eu sei, eu sei... é complicado... mas tenho que viver e o sangue é precioso, seja de quem for...

Vamos em frente, quero te contar mais uma história de Maximilian... Eu vou contar essa historia como se fosse na terceira pessoa simplesmente porque parece que nem vivenciei isso, parece um livro que li há muitos anos e que agora me recordo como se fossem minhas lembranças, mas que não são e ao mesmo tempo são.. Delírios, devaneios de uma mente vampiresca, mas chega disso, deixa eu te contar como aconteceu...

Em meados de 1820 o vampiro Maximilian ouviu falar que a condessa russa Raissa estava em Paris. Uma mulher fabulosamente rica, única herdeira de um militar que havia caído nas graças do czar. Com sua morte ela teria herdado milhões em jóias, propriedades e dinheiro, depositado nos mais exclusivos bancos da Europa. 

Apesar de toda a riqueza, a condessa era uma pessoa desprezível. Ela era uma mulher cruel. Apesar de possuir olhos verdes, todo o conjunto era tenebroso. Ao invés de ter curvas, como convém a uma bela mulher, ela tinha o corpo quadrado. Não havia seios. Era magra em demasia. Os dentes estavam amarelados pelo fumo. O conjunto era ruim. Era uma mulher feia por fora e por dentro.

Ela procurava compensar sua feiura indo atrás de belas jovens. Era lésbica. Porém ao invés de se relacionar com essas moças, que eram lindas, mas pobres, a condessa abusava de todas elas. No começo enchia todas dos mais belos vestidos. Das mais belas jóias. 

Depois quando começavam a se sentir belas, a condessa começava a tirar tudo. Era um jogo psicológico doentio. Ela queria humilhar, desprezar a juventude a a beleza dessas mulheres. Na Rússia se dizia que ela havia matado algumas de suas servas. Não por acaso as mais belas. Ela tinha complexo de inferioridade perante aquelas belas jovens. Como era feia e ruim, queria destruir a beleza feminina da face da terra.

Quando as mortes começaram a incomodar, por terem caído na boca do povo, a condessa decidiu ir embora para Paris. Só que na capital francesa ela não perdeu o gosto pela morte. Em poucas semanas já surgia como suspeita da morte de uma jovem empregada. Só que Paris não era São Petersburgo. Na capital francesa ela seria investigada e se seus crimes fossem descobertos, seriam punidos. 

Maximilian a desprezava. Em pouco tempo procurou se aproximar dela. Com seu eterno corpo de 19 anos (idade em que se tornou um vampiro, um ser da noite), ele seduziu uma das damas de companhia da condessa. Em pouco tempo foi apresentado a ela. Na verdade o vampiro só queria matar aquela mulher e tomar posse de seus bens e sua fortuna.

Uma riqueza como aquela poderia sustentar uma vida de luxos por alguns séculos. A necessidade de dinheiro para manter um alto padrão de vida foi uma das minhas preocupações constantes. A troca de identidades de tempos em tempos para não despertar suspeitas também era um desafio. Penso inclusive que já deveria ter ido embora de Paris há muitos anos. Ficar morando na mesma cidade, mesmo que seja uma grande cidade, pode ser fatal para uma criatura da noite. As pessoas mais velhas, idosas, começam a dizer que havia conhecido um jovem que era a minha cara.... Tadinhas das vovós, mal sabiam elas que era eu mesmo que havia conhecido elas na sua perdida juventude... 

Mas voltemos à história...

Eu sempre me apresentava para essas pessoas imensamente ricas como um especialista em antiguidades. Como havia vivido muito, sabia e conhecia reconhecer peças antigas, artigos de Versalhes, seus móveis, etc. 

Muita coisa foi roubada do Palácio de Versalhes durante a revolução. Aqueles ladrões jogaram todas aquelas peças preciosas no mercado negro... Jóias e móveis maravilhosos que inclusive tinham pertencido à rainha Maria Antonieta passaram a ser vendidas na feiras mais vagabundas de Paris... Esses ditos revolucionários não passavam de ladrões, é o que sempre digo...

Numa noite, conversando com a condessa, descobri que ela realmente era uma pessoa asquerosa. A condessa desfilou todos os seus preconceitos. Odiava negros e pessoas de cor. Era racista. Preconceito racial. Achava os homossexuais aberrações, isso apesar de ser uma lésbica violenta e possessiva. Como se pode perceber tinha preconceito sexual, ao mesmo tempo sendo a pessoa mias hipócrita da Europa. 

Dizia ser religiosa, mas sua vida pessoal era de pura devassidão. Mais uma prova de sua hipocrisia. E para fechar o quadro geral, odiava pessoas pobres. Tinha preconceito social contra as pessoas mais humildes. Era a mulher mais asquerosa da Europa. Seu destino era a morte. Eu estava pronto para cumprir esse destino.

Maximilian, com os longos anos passados, acabou se tornando uma pessoa culta. Era ótimo na conversação envolvendo livros, artes e história. Afinal ele tinha sido uma testemunha ocular de todos os acontecimentos desde os tempos de Maria Antonieta. 

Durante uma dessas noites a condessa o convidou para ir ao teatro com ela. Iriam de carruagem. Aliás a carruagem da condessa, vinda da Rússia, chamava atenção por onde passava. Era puro luxo e ostentação. E seria dentro dessa gaiola de ouro que o Lord vampiro iria atuar.

Já era tarde da noite quando saíram do teatro. Ao entrarem numa rua escura de Paris, Maximilian não perdeu tempo. Ele imediatamente deu uma pausa, olhou para a condessa e disse: "Seu destino chegou!". A condessa riu e perguntou: "O que você está querendo dizer com isso?"... mal houve tempo dela terminar a frase. 

Com suas garras de vampiro, Maximilian rasgou seu rosto. Ela ainda deu um grito, o que levou o condutor da carruagem parar para ver o que estava acontecendo. Ao descer e olhar pela janela ele viu Maximilian já sugando a jugular da condessa dentro da carruagem.

"Meus Deus! O que é isso?" - gritou o empregado. Maximilian percebendo que ele poderia criar problemas pulou fora da carruagem em um piscar de olhos. Com uma barra, tirada da lateral da carruagem, atingiu em cheio a cabeça do homem. Esse caiu imediatamente, seu sangue jorrava pela calçada escura e molhada da ruela. 

A condessa ainda respirava. Maximilian teria que matá-la, caso contrário ela iria virar uma vampira. Imagine uma pessoa ruim como aquela com os poderes de um ser da noite! 

Com a mesma barra que estava em mãos ele nem pensou duas vezes e a cravou no peito da nobre russa, destruindo seu coração com o impacto. O cenário foi desolador. A condessa destroçada, com o corpo arruinado e seu condutor afogado no próprio sangue. 

Maximilian então viu que ambos estavam mortos. Ele calmamente pegou seu elegante chapéu, sua capa e sua bengala sueca e saiu, tranquilamente pela rua, encoberto pela noite, que agora, após tantos anos como vampiro, aprendera a amar mais do que tudo nessa existência noturna.

E depois de uma semana lá estava o belo Maximilian alegando que era o sobrinho da condessa morta. Como ele não tinha filhos e nem parentes na França, foi relativamente fácil se tornar o único herdeiro de toda aquela riqueza que parecia não ter fim...

Ah, Maximilian, seu danadinho... tenho muito o que lhe agradecer...

O sobrenome russo que adotei era simplesmente horroroso e por uma questão de segurança jamais irei revelar aqui nessas páginas. 

O mais importante de saber é que fiquei imensamente rico. Vendi algumas propriedades da condessa e coloquei o dinheiro em seguros bancos suíços. Estava decidido a viajar pelo mundo... Deixando Paris para trás...

E com a minha cidade querida ficando no passado, ficaram também todos os que havia conhecido enquanto ser humano e enquanto ser da noite...

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Brinquedo Assassino 2

Título no Brasil: Brinquedo Assassino 2
Título Original: Child's Play 2
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: John Lafia
Roteiro: Don Mancini
Elenco: Brad Dourif, Alex Vincent, Jenny Agutter, Gerrit Graham, Christine Elise, Grace Zabriskie

Sinopse:
A mãe do garoto Andy é internada em um hospital psiquiátrico. Afinal quem acreditaria em um boneco assassino? Só poderia ser coisa de gente louca! Já o próprio menino Andy vai para um orfanato. Isso porém não o livra da perseguição de Chucky, agora mais violento do que nunca.

Comentários:
Chucky is Back! (Chucky está de volta!). Pois é, o sucesso do primeiro filme fez com que o estúdio retomasse os filmes de terror com o boneco diabólico. A Universal Pictures sempre teve longa tradição em filmes de terror, então foi mais do que bem-vindo o êxito comercial dessa nova franquia, dessa vez explorando o boneco Chucky, cuja voz era dublada pelo ator Brad Dourif em um excelente trabalho de caracterização. O problema é que havia uma tênue linha entre o terror e a galhofa, coisa que iria ficar bem óbvia nos filmes futuros. Aqui o diretor John Lafia ainda manteve o humor involuntário longe, mas passou longe de repetir o talento de Tom Holland que havia dirigido o primeiro filme, esse sim um cineasta que sabia manipular bem os elementos desse gênero cinematográfico. Recentemente tivemos um novo recomeço com o mais recente filme, que também passou longe de ser tão bom como o pioneiro de 1988. Pelo visto o bom e velho Chucky vai terminar mesmo em alguma gaveta, já que está mais do que saturado no mundo do cinema.

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de junho de 2024

Anjos da Noite 3 - A Rebelião

Título no Brasil: Anjos da Noite 3 - A Rebelião
Título Original: Underworld - Rise of the Lycans
Ano de Produção: 2009
País: Estados Unidos
Estúdio: Lakeshore Entertainment
Direção: Patrick Tatopoulos
Roteiro: Danny McBride, Dirk Blackman
Elenco: Kate Beckinsale, Bill Nighy, Rhona Mitra, Michael Sheen
  
Sinopse:
Em um passado distante uma dinastia de vampiros aristocráticos mantém sob correntes os lycans (lobisomens) até que um deles começa uma verdadeira rebelião contra o que considera a escravidão de sua raça, dando origem a uma verdadeira guerra entre os dois monstros mitológicos do terror. Terceiro filme da franquia "Anjos da Noite" (Underworld).

Comentários:
Apesar de não ser muito fã dessa série "Underworld" eu tive a oportunidade de conferir esse terceiro filme nos cinemas. É um dos mais interessantes porque tem uma estória própria, quase como se fosse um prequel cinematográfico dos filmes anteriores. A atriz Kate Beckinsale, apesar de estar presente no material promocional e ter seu nome como chamariz de bilheteria, nem participa muito da trama. Na verdade os verdadeiros protagonistas são o aristocrático Viktor (Bill Nighy), a exótica Sonja (interpretada pela bonita e sensual atriz Rhona Mitra) e o selvagem Lucian (Michael Sheen, sempre interessante e esforçado em cena). Eles formam o núcleo central dos acontecimentos que levaram os lobisomens a se rebelarem contra a dominação dos vampiros. Criados como bestas e animais selvagens eles dão seu grito de liberdade, dando começo a uma insana guerra entre eles e os seres vampirescos. A direção ficou a cargo do francês Patrick Tatopoulos, aqui em seu primeiro trabalho importante como cineasta. Ele já havia trabalhado antes no primeiro filme como o responsável pela equipe técnica de efeitos especiais. Na direção acabou até mesmo surpreendendo. Em suma, um bom exemplar da franquia "Underworld" que pode até mesmo ser assistido sem os demais pois, como já afirmei, seu enredo é bem independente dos outros filmes da franquia.

Pablo Aluísio.